Após um primeiro dia marcado por contradições, blindagem a Bolsonaro e mentiras, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, depõe novamente na CPI da Pandemia hoje, a partir das 9h30. Segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), há 23 senadores inscritos na fila para discursar e fazer questionamentos a Pazuello. As informações são do UOL.
O primeiro senador a questionar Pazuello hoje deve ser Eduardo Braga, eleito pelo Amazonas e líder do MDB na Casa. Ontem, Braga chamou de mentirosa declaração de Pazuello de que o oxigênio medicinal em Manaus só faltou durante três dias em janeiro deste ano durante a fase aguda da crise sanitária no estado.
No depoimento da quarta-feira, Pazuello blindou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de eventuais responsabilidades na gestão da pandemia de coronavírus, negou que houve ordem do Palácio do Planalto para recusar a CoronaVac, relativizou a crise estabelecida em Manaus (AM) por falta de oxigênio e disse ter deixado o Ministério da Saúde com “missão cumprida”.
Depois de mais de sete horas de depoimento, Pazuello passou mal durante o intervalo da sessão, que foi suspensa. Segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o ex-ministro se prontificou a continuar respondendo às perguntas dos senadores, mas considerou mais prudente retomar a reunião hoje.
A expectativa ontem era que senadores, oposicionistas e governistas, iriam aproveitar a noite para estudar as respostas do ex-ministro dadas ontem tidas como contradições e se preparar melhor para os novos questionamentos.
Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que vai pedir a Omar Aziz a contratação de uma agência de checagem de fatos para acompanhar os depoimentos feitos aos senadores. A ideia foi anunciada logo após a suspensão da oitiva de Pazuello, a quem Calheiros acusou de mentir.
O senador ainda criticou Pazuello pelas declarações à CPI, nas quais viu contradições. Ele citou como exemplo a resposta do ex-ministro da Saúde quanto às três tentativas de contato feitas pela Pfizer em agosto de 2020, e ignoradas pelo governo federal, segundo o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, para o fornecimento de vacinas contra a covid-19.
“Ele respondeu com imprecisão e mentiu muito, infelizmente”, disse Renan.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também apontou “evidentes contradições” no depoimento de Pazuello. Ele não descartou a possibilidade de fazer acareações, confrontações entre duas testemunhas, mas admitiu que o processo seria demorado demais porque envolveria muitos interrogatórios.
Diferentemente do que chegou a ser aventado, Pazuello foi à CPI de trajes civis, como preferia o Exército. Embora tenha conseguido um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) que o permite ficar em silêncio para não se incriminar, Pazuello respondeu aos questionamentos dos senadores.
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida nos bastidores do governo como “capitã cloroquina”, que ia prestar depoimento hoje à CPI, teve a oitiva adiada para terça (25).
Antes da retomada do depoimento, os membros da CPI devem votar 27 requerimentos. Entre eles, há pedidos de convocação ao empresário Carlos Wizard, apontado como possível conselheiro informal do governo no enfrentamento à pandemia, e convites a executivos da empresa fornecedora de oxigênio hospitalar White Martins e especialistas, além de solicitações de informações, por exemplo.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba