O multi-instrumentista mineiro Paulo Santos realiza, no Sesc Avenida Paulista, dias 21 e 22 de maio, sábado e domingo, 20h30 e 17h30 respectivamente, shows de lançamento do seu mais recente álbum, “Chama”, de temática ambiental e referências ao alarmante ritmo de destruição dos biomas brasileiros, em especial a floresta amazônica.
Produzido entre 2020 e 2021, a obra lançada pelo Selo Sesc é composta por nove faixas, disponíveis nas principais plataformas de streaming e gratuitamente no Sesc Digital. Paulo coleciona parcerias com grandes nomes da música mundial, como Milton Nascimento, Paul Simon e Philip Glass e, por 37 anos, fez parte do extinto grupo Uakti, dedicado à música instrumental e experimental. Nos shows, Paulo sobe ao palco acompanhado dos músicos Josefina Cerqueira e Mauricio Takara, formando o Paulo Santos “Chama” Trio.
Ao acompanhar pela imprensa as notícias a respeito do sucateamento dos órgãos de defesa da floresta, da falta de proteção aos povos originários, do envenenamento dos rios e da devastação dos biomas brasileiros foi que o músico veterano concebeu a ideia do disco. Essas notícias, tão presentes durante o período de pandemia, em um contexto de necessário isolamento social, conduziram a uma profunda indignação com todo esse estado de coisas: “O trabalho tem esse sentido de falar do meio ambiente, da Amazônia, do Pantanal, pois para mim o Brasil é o ‘berço do ar’, que é também nome de uma das faixas do álbum. E ver tudo isso ser destruído me deu certa angústia”, comenta Paulo.
A criação e a gravação solitárias, iniciadas em casa, são também sinais dos tempos atuais. No álbum, Paulo toca todos os instrumentos, que vão da tabla indiana ao uso de samplers e texturas digitais que se destacam pela amplitude das variações timbrísticas, em um vivo diálogo entre o acústico e o eletrônico. A proximidade com a música eletrônica, aliás, presente em diversas composições, dispensa a repetição exaustiva para fluir de maneira orgânica, expressando-se enquanto trilha sonora que tem como motivo a própria vida: “Estamos assistindo, passivos e impotentes, a destruição do nosso ecossistema. E é este o tema deste disco. É sobre algo que está em processo. Não sobre o passado. E sim, o nosso presente”, explica.
Benjamin Taubkin, músico e compositor brasileiro, discorre sobre o álbum de Paulo Santos e o manifesto que a arte pode e deve fazer para alertar a sociedade quando o nosso maior patrimônio está em risco, a floresta, a vida: “Foi com encantamento que escutei este novo projeto do Paulinho Santos. E não são poucas as razões. Claro, primeiro pela simples escuta. Cada peça se apresenta como uma entidade em si mesma. Sem necessidade de outra referência que não o próprio som. E as imagens que vão atravessando a mente enquanto escuto. A primeira transição em Chama… e o rio aparece. Como o próprio Paulo menciona em seu texto, estamos assistindo passivos e impotentes a destruição do nosso ecossistema. E é este o tema deste disco. É sobre algo que está em processo. Não sobre o passado. E sim, o nosso presente. O que gera uma estranha urgência. Não deixa de ser uma trilha sonora, das tantas que Paulinho fez ao longo de sua trajetória. Mas o tema é a própria vida. O filme está passando na nossa cara.”
Paulo Santos
Membro do grupo brasileiro de música instrumental Uakti durante os 37 anos de sua existência, Paulo Santos ajudou o conjunto a se tornar um dos mais reconhecidos da música experimental no país, tendo gravado com artistas como Milton Nascimento, Paul Simon e Philip Glass. Paralelamente, Paulo compôs trilhas sonoras para cinema (“O Lodo” de Helvécio Ratton e “Fronteira” de Rafael Conde), performances, instalações e vídeos com o videomaker Éder Santos. Atualmente, entre outros projetos, desenvolve uma parceria com o Hurtmold, banda de rock instrumental cujo álbum “Curado” foi lançado pelo Selo Sesc em 2016.
CHAMA – Paulo Santos – Sesc Avenida Paulista
Dias 21 e 22 de maio de 2022. Sábado, 20h30. Domingo, 17h30. Espaço: 13º andar. Classificação indicativa: 12 anos. Duração: 90 minutos. Ingressos à venda a partir de 10/05 no Portal Sesc e 11/05 nas bilheterias das unidades. R$30 (inteira) | R$15 (meia-entrada) R$9 (comerciário e dependentes). Sesc Avenida Paulista: Av. Paulista, 119 – Bela Vista, São Paulo – SP.
• SOBRE O SELO SESC
Criado há 18 anos, o Selo Sesc tem o objetivo de registrar a amplitude da produção artística brasileira construindo um acervo pontuado por obras de variados estilos, épocas e linguagens. Em 2020, foram lançados no mercado digital os álbuns: Sessões Selo Sesc #6: Rakta + Deafkids, Sessões Selo Sesc #7: João Donato + Projeto Coisa Fina, Sessões Selo Sesc #8: Toada Improvisada – Jackson do Pandeiro 100 anos e Sessões Selo Sesc #9: …And You Will Know Us By Trail Of. O CD-livro São Paulo: paisagens sonoras (1830-1880) da pesquisadora e cantora Anna Maria Kieffer; o DVD Exército dos Metais, da série O Som da Orquestra, O Romantismo de Henrique Oswald (José Eduardo Martins e Paul Klinck); os CDs físico e digitais Dança do Tempo (Teco Cardoso, Swami Jr. e BB Kramer), Espelho (Cristovão Bastos e Maury Buchala), Eduardo Gudin e Léla Simões, Recuerdos (Tetê Espíndola, Alzira Espíndola e Ney Matogrosso), Música Para Cordas (André Mehmari), Estradar (Verlucia Nogueira e Tiago Fusco), Tia Amélia Para Sempre (Hercules Gomes), Gbó (Sapopemba), Acorda Amor (Letrux, Liniker, Luedji Luna, Maria Gadú e Xênia França), Copacabana – um mergulho nos amores fracassados (Zuza Homem de Mello), Tio Gê – O Samba Paulista de Geraldo Filme (vários artistas) e os álbuns digitais Mar Anterior (Grupo ANIMA), Olorum (Mateus Aleluia), Nana, Tom, Vinicius (Nana Caymmi), Jardim Noturno – Canções e Obras para Piano de Claudio Santoro (Paulo Szot & Nahim Marun), 7 Caminos (Emiliano Castro), São Paulo Futuro – A Música de Marcello Tupynambá (Vários Artistas), Cantos da Natureza (Pau Brasil), O Fim da Canção (Luiz Tatit, Zé Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski), Sessões Selo Sesc #10: Carne Doce, Sessões Selo Sesc 11: Orquestra Sinfônica de Santo André + Hamilton de Holanda, Claudio Santoro – Obra completa para violino e piano (Alessandro Santoro e Emmanuelle Baldini) e O Anel – Alaíde Costa canta José Miguel Wisnik (Alaíde Costa). Já em 2021, a gravadora lançou exclusivamente no ambiente digital os discos Villa-Lobos Trios (Claudio Cruz, Ricardo Castro, Antonio Meneses e Gabriel Marin), Viola Paulista – Volume II (Vários Artistas), Francisco Mignone: Manuscritos de Buenos Aires e Canções para Voz e Violão (Fernando Araújo, Celso Faria e Mônica Pedrosa), Akhenaten Bazucas (GOATFACE!), A Paisagem Zero (Helô Ribeiro), Tempo Tátil (Vladimir Safatle), Forró de Rabeca (Mestre Luiz Paixão); Outros Espaço (Rodrigo Brandão & Sun Ra Arkestra), De Sol a Sol (Toninho Ferragutti & Quinteto de Cordas), Poéticas (tributo ao poeta Jorge Salomão), Meneleu Campos (Quarteto Carlos Gomes) e Parabéns, Tânia! (Projeto Tânia Maria). Neste ano, a gravadora acaba de lançar o álbum Toda Semana: Música e Literatura na Semana de Arte Moderna (Vários Artistas) com um apanhado da ambiência sonora, poética e musical da Semana de 22.
Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba