Um estudo desenvolvido entre três das entidades mais envolvidas no cuidado a pacientes infectados por coronavírus divulgaram, nesta segunda-feira (18), um documento com diretrizes para o tratamento da doença. Nele, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia recomendam que a cloroquina não seja utilizada no tratamento da covid-19.
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No estudo, o efeito de outros medicamentos também foi analisado.
— Nenhuma das medicações conseguiu mostrar benefícios. Há algumas que precisam ainda de mais estudo que outras — explica Alexandre Zavascki, coautor do trabalho, integrante do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— No caso da cloroquina, o que vemos é que não há nenhum benefício comprovado sobre o seu uso em paciente com covid-19, e que ela pode trazer riscos à saúde.
Zavascki explica que a metodologia usada na pesquisa é a de revisão sistemática, que consiste em revisar todo o material já publicado por cientistas a respeito do assunto. A partir dessa avaliação, pode-se fazer a recomendação de um medicamento. Em relação a cloroquina, a recomendação foi definida como “fraca” devido ao “nível de evidência baixo”.
A análise foi realizada por 27 especialistas, de diversas áreas, das três entidades.
Conforme um documento que divulga o estudo, o propósito da pesquisa é “fornecer recomendações baseadas nas evidências científicas disponíveis e em sua interpretação transparente, para subsidiar decisões sobre o tratamento farmacológico da COVID-19 no Brasil”.
A conclusão sobre o medicamento é de que os especialistas entenderam que “as evidências disponíveis não sugerem benefício clinicamente significativo do tratamento com hidroxicloroquina ou com cloroquina”.
Além disso, “houve entendimento de que o risco de eventos adversos cardiovasculares é moderado, em especial de arritmias. Até o momento, os estudos comparados existentes avaliaram pacientes hospitalizados somente, não havendo base para seu uso ou não em pacientes ambulatoriais.”
— Não é que não possa ser usada. Mas a recomendação é de que não seja, que não seja prescrita a pacientes, tanto os de casos leves quanto os graves. Nos casos de pacientes em estado grave, o uso pode ser considerado se essa decisão foi compartilhada entre médico e paciente e se o paciente for informado de que não há prova sobre o benefício do medicamento — explica Zavascki.
Nesses casos, o uso deve ter “monitorização frequente”, complementa o documento.
Fonte: gauchazh
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