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Paraisópolis: PM alterou 'cena do crime', diz conselho estadual

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) de São Paulo afirmou hoje que a Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) “alterou a cena do crime” ao retirar das vielas de Paraisópolis, no último fim de semana, corpos de jovens mortos ao fim de um baile funk.

“Esses corpos não poderiam ter sido levados para hospitais”, disse o presidente do órgão, advogado Dimitri Sales.

Com base em laudos do IML (Instituto Médico Legal) e em apurações que realizou, o Condepe afirma que sete das nove mortes ocorridas se deram no próprio local. Duas mortes ocorreram nos hospitais.

“O que houve foi um massacre”, afirmou Sales.

A reportagem encaminhou à PM-SP as declarações do conselho. As considerações serão incorporadas ao texto assim que enviadas.

O presidente do conselho também criticou a postura do governador João Doria (PSDB). Segundo ele, as declarações do governador estimulam a violência institucional da PM.

Segundo Sales, a forma como ocorreram as mortes, sem tiros, pode indicar um novo padrão de violência policial e dificulta a identificação de autoria.

Segundo Margarete Pedroso, da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, as mortes são uma política de Estado contra a população negra.

Doria nega responsabilidade da PM

Em entrevista coletiva concedida ontem, o governador João Doria (PSDB) defendeu a ação da PM na operação que terminou com nove mortos e também defendeu a corporação paulista como um todo. Ele teceu elogiou aos policiais do estado e afirmou que a política de segurança não irá mudar.

A versão apresentada por Doria é a mesma da polícia: PMs reagiram a um ataque de dois criminosos que estavam em uma moto atirando.

“A letalidade não foi provocada pela PM, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo baile funk. É preciso ter muito cuidado para não inverter o processo”, disse Doria.

Doria declarou ainda que o estado São Paulo “tem o melhor sistema de segurança preventiva”, mas “isso não significa que não seja infalível”.

A ação em Paraisópolis ocorre menos de uma semana após o governo do Estado ter divulgado as metas de segurança pública da gestão Doria. As metas não determinam objetivos para reduzir a letalidade policial.

 

 

Fonte: Uol
Créditos: Uol