Os não vacinados impedem que a pandemia termine e permitem que o coronavírus produza novas variantes, tornando a Covid-19 um tormento sem fim para a toda a sociedade, alerta a virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Clarissa Damaso.
Especialista internacional nos vírus da família da varíola, a única doença já erradicada pela humanidade, graças à vacinação, Damaso destaca que o atraso na imunização das crianças provocado pela relutância do Ministério da Saúde dá ao Sars-CoV-2 a chance de se espalhar mais depressa e ameaça prejudicar a volta às aulas.
Elas são depósitos de vírus e vão sacrificar a todos nós. A conta do prolongamento da pandemia, do sofrimento das crianças, dos danos à economia é de quem não se vacina e de quem tenta prejudicar a vacinação. É dos não vacinados e dos que se opõem à imunização a responsabilidade pela continuidade da pandemia. Existe uma parcela da população que ainda não pode ser imunizada, como as crianças menores de 5 anos, e precisamos também proteger essas pessoas com a vacinação de todas as demais. Quantas crianças precisarão sofrer e morrer para que o ministro da Saúde ache necessário protegê-las? É preciso que a população saiba que a Ômicron vai encontrar e se espalhar nas crianças não vacinadas. E muitas delas poderão adoecer e ter sequelas.
Quais são as sequelas da Covid-19 nessa faixa etária?
Já se sabe que em crianças, mesmo quadros leves de Covid-19 podem causar, por exemplo, sequelas neurológicas. São problemas cognitivos, como dificuldade de concentração, que podem impedir que uma criança chute uma bola ou consiga aprender direito. Ter Covid-19 pode prejudicar o futuro escolar de uma criança.
O quão urgente precisa ser a vacinação das crianças?
Era para ontem. Já está atrasada. São principalmente as crianças que a Ômicron vai encontrar desprotegidas. Elas estão sendo expostas à Ômicron em consequência de decisões políticas e não científicas.
Como os não vacinados prolongam a pandemia?
Eles permitem que o vírus continue a circular com intensidade, o levam a toda parte. As vacinas contra a Covid-19 não são esterilizantes, ou seja, não impedem a infecção, e o mesmo ocorre para a maioria das vacinas, porém, por diminuírem a carga viral significativamente reduzem muito o risco de uma pessoa transmitir o coronavírus. Assim, os vacinados reduzem a transmissão e quanto maior a população vacinada, menor a oportunidade para o vírus, que acabará sem chance de se expandir, pondo fim à pandemia. Ele será contido em pequenos surtos.
Também precisamos ter cuidado com os semi-vacinados, com o esquema de doses incompleto. Eles também são um perigo, pois podem ser fábricas de novas variantes. Têm defesas incompletas contra o vírus e se tornam campo livre para selecionar vírus com potencial de escape à resposta imune. Já defesas robustas, proporcionadas pelo esquema vacinal completo, reduzem drasticamente essa chance. E é por isso também que a dose de reforço é fundamental: a pessoa amplia e prolonga a durabilidade da resposta contra o vírus.
Fonte: f5online
Créditos: Polêmica Paraíba