Esse é o número de profissionais da pesca cadastrados nas 77 cidades cujo litoral foi atingido pelo óleo, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.
Na quarta-feira (16), a ministra Tereza Cristina anunciou que o governo vai antecipar em um mês o pagamento do seguro-defeso para as comunidades de pescadores no Nordeste que tenham sido afetadas pelas manchas de óleo.
O seguro-defeso é um auxílio, no valor de um salário mínimo, concedido a pescadores no período de parada temporária da atividade para a reprodução e preservação das espécies.
O Ministério da Agricultura informou que ainda não é possível estimar quantos pescadores terão benefício antecipado. Os beneficiários serão identificados a partir de um estudo do Ibama sobre as áreas afetadas.
Desde o início da chegada das manchas no litoral, no fim de agosto, o Ibama tem orientado os pescadores a não entrarem em contato com o óleo. Parte dos profissionais tem seguido a orientação.
Em Conde, na Bahia, a 181 km de Salvador, os pescadores estão há duas semanas sem ir ao mar, já que há possibilidade de contaminação dos peixes.
“Mesmo que esteja bom para consumo, as pessoas não vão querer comprar o peixe da nossa região”, afirma Genival Batista, presidente da colônia de pescadores de Conde.
A Bahia Pesca, estatal do governo da Bahia, identificou 13.375 pescadores e marisqueiros de oito cidades que foram diretamente afetadas pela chegada do óleo na região e discute ações para reparar os danos das famílias.
O órgão também fará a coleta de peixes e mariscos para a análise da Vigilância Sanitária e Ambiental, que determinará se o pescado é próprio para consumo ou se está contaminado.
Depois de um arrefecimento na chegada das manchas ao litoral, o óleo voltou a aparecer nas praias com mais força na semana passada na Bahia, em Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
A praia de Carneiros, considerada, ao lado de Porto de Galinhas, a joia turística do litoral sul pernambucano, amanheceu na sexta (18) coberta de óleo. Só em Pernambuco, 20 toneladas de óleo foram recolhidas até agora.
O local é um dos mais procurados pelos turistas de várias partes do país. Diante do caos, donos de pousadas e hotéis se juntaram a pescadores e moradores da região para retirar em um mutirão o material poluente.
Segundo a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), que monitora a situação nas praias há duas semanas, o movimento em outubro, mês de baixa temporada no Nordeste, está dentro do esperado. A entidade diz que, até o momento, não houve cancelamentos.
A Decolar também afirmou, em nota, que não registrou desistências e disse que “os destinos nordestinos continuam no ranking dos mais procurados pelos brasileiros”.
O biólogo Clemente Coelho Júnior, conselheiro da área de preservação ambiental Costa dos Corais, em Pernambuco e Alagoas, afirma que os danos ambientais são permanentes e muitas vezes invisíveis.
Ele explica que, com o tempo, o óleo passa por um processo de decomposição: vai ficando mais denso e libera metais pesados e outras substâncias tóxicas.
No total, 187 pontos em 77 municípios do Nordeste foram atingidos até sexta (18).
Em Alagoas, o material chegou à praia e à área de proteção ambiental de Maragogi, uma das praias mais conhecidas e visitadas do estado.
O petróleo também cobriu a praia de Japaratinga, no mesmo estado, a qual já havia sido afetada no início de setembro. No local, há um projeto de conservação para proteção do peixe-boi, espécie ameaçada de extinção.
Em Sergipe, 17 praias e oito rios foram atingidos pelas manchas. Apenas em Aracaju, foram recolhidas 231 toneladas de óleo.
Na Bahia, o óleo atingiu esta semana 11 praias de Salvador, incluindo pontos turísticos como o Farol da Barra. Até às 18h desta sexta-feira, 90 toneladas de óleo haviam sido recolhidas na capital. As manchas chegaram também à baía de Todos-os-Santos.
Fonte: UOL
Créditos: João Pedro Pitombo e João Valadares