A liberação dos corpos das vítimas do massacre na Favela do Jacarezinho, na manhã desta sexta-feira, (6), foi acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A operação deixou 25 pessoas mortas, sendo considerada a mais letal da História do Rio . A comissão divulgou uma lista com os nomes das 15 primeiras vítimas identificadas. Entre eles, um jovem de 18 anos e outro de 19. Todos eram homens, e dez deles tinham entre 18 e 30 anos. A Polícia Civil, no entanto, ainda não informou o nome dos mortos e não tinha começado a fazer as autópsias até as 11h desta sexta-feira.
Veja quem são as vítimas identificadas pela OAB:
Ray Barreto de Araújo, 19 anos
Romulo Oliveira Lucio, 20 anos
Mauricio Ferreira da Silva, 27 anos
Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos
John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos
Wagner Luis de Magalhaes Fagundes, 38 anos
Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos
Marcio da Silva, 43 anos
Francisco Fabio Dias Araujo Chaves, 25 anos
Toni da Conceição, 30 anos
Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos
Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos
Marcio Manoel da Silva, 31 anos
Jorge Jonas do Carmo, 31 anos
Carlos Ivan Avelino da Costa Júnior, 32 anos
Além desses nomes, a família de Natan Oliveira de Almeida, de 21 anos, também o identificou como uma das vítimas da operação. O corpo de Marlon Santana de Araújo, de 23 anos, também foi reconheido pela mãe, segundo a própria. A microempresária de 46 anos disse que o filho ligou para ela de manhã, no início da operação, pedindo socorro:
“Ele me ligou 8h03 pedindo socorro e perguntei onde ele estava. Eu saí desesperada atrás dele. Ao longo da conversa, ele diz que os meninos estavam com medo e não queriam morrer. Em um local, as mães se organizaram e quatro deles foram salvos e não mortos. Mas, o meu filho estava em uma casa, no Beco do Caboclo, com outros 15 jovens. A gente não conseguiu chegar a tempo e ele foi executado”, desabafou a mãe de Marlon. “Ninguém cria filho para ser bandido. Se o meu filho tivesse errado, ele poderia ser preso. Que eles (os policiais) levassem os meninos presos e não os executassem. Eu moro na comunidade desde que eu nasci e não lembro o dia que eles fizeram isso. Aquilo foi assassinato.”
Segundo a Polícia Civil, dos 24 criminosos mortos na ação, três foram denunciados pelo Ministério Público do Estado por tráfico de drogas e eram procurados pela polícia.
De acordo com a investigação Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), eles eram “soldados do tráfico” e atuavam como braço armado da organização criminosa no Jacarezinho. São eles: Richard Gabriel da Silva Ferreira, conhecido como Kako; Isaac Pinheiro de Oliveira, o Peeda Vasco; e Rômulo Oliveira Lúcio, conhecido como Romulozinho. Os familiares dos três denunciados afirmam a jornalistas, no Instituto Médico-Legal, que eles foram executados.
Peritos identificaram 14 mortos
Até 14h desta sexta-feira, peritos do Instituto Médico-Legal tinham identificado corpos de 14 homens mortos durante a operação. Todos com lesões causadas por armas de fogo. São eles:
Natan Oliveira de Almeida
Márcio da Silva Bezerra
Rômulo Oliveira Lucio
Jhonatan Araújo da Silva
Carlos Ivan Avelino da Costa Júnior
André Leonardo de Mello Frias
Jonas Bernardino dos Santos
Francisco Fábio Dias
Cleyton da Silva Freitas
Ray Barreto de Araújo
Maurício Ferreira da Silva
Guilherme de Aquino Simões
Pedro Donato de Sant’anna
Luiz Augusto Oliveira de Faria
MP acompanha perícia
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) disse nesta sexta-feira que acompanha a perícia nos corpos das pessoas mortas durante a operação. Segundo o órgão, um médico perito do MP teve acesso integral às dependências do Instituto Médico-Legal (IML), onde chegaram os corpos na manhã desta sexta.
O perito vai acompanhar todo o trabalho no IML e registrar, com fotos, o que for do interesse da investigação independente do MPRJ. Essa apuração está sendo conduzida pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro.
‘Foi um banho de sangue’, diz representante da OAB
Patrícia Félix, um das representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB, disse que a instituição vai cobrar uma perícia independente em relação àss mortes dos 24 homens. Além disso, o órgão quer saber se os seis presos da ação foram torturados. Félix também afirmou que a OAB vai acompanhar os trâmites para a liberação dos corpos.
“A pobreza não pode ser criminalizada. Na Zona Sul, isso não acontece. As famílias têm reclamado do tratamento após a morte. Independentemente de (alguém) ser bandido, não tem que ter pena de morte. As famílias falam que muitos deles se entregaram e foram assasinados. Uma operação com 25 mortos não é de sucesso”, ressalta a representante.
A comissão está recebendo vários materiais, como o relato de parentes de mortos e vídeos. A OAB pretende ainda recorrer a organizações internacionais contra o estado do Rio.
“O que conseguimos ver foram relatos de moradores que estão abalados pela polícia ter entrado e matado as pessoas dentro das casas. Foi um banho de sangue. Os corpos foram levados para o hospital sem vida.”
Fonte: O Globo
Créditos: Polêmica Paraíba