De fato, estamos vivendo novos momentos de instabilidade social e política em praticamente todas as cidades brasileiras. É óbvio que a greve do setor de cargas, que é muito maior do que a tão conhecida “greve dos caminhoneiros”, não é o fator gerador desse caos, pelo contrário, o país vivia essa instabilidade há muito tempo. A paralisação dos caminhoneiros foi apenas o estopim de uma falta de gestão política no Brasil que perdura por anos.
Neste texto, eu quero vos chamar a atenção para um fator preponderante que faz a greve perdurar por tantas horas e dias. O WhatsApp é o aplicativo de mensagens instantâneas que tem tanta influência que é capaz de desestabilizar informações ou desinformações difundidas na grande mídia.
Após a imprensa nacional anunciar que o governo fez acordo para suspender a greve por 15 dias, os próprios caminhoneiros e seus representantes sindicais, contando com o compartilhamento da população conectada nas mídias sociais, gravaram vários vídeos informando que a greve continuaria nesta sexta-feira, dia 25.
Em junho de 2013, a população foi convocada a manifestar-se com o “grito” ecoado pelo Facebook. Praticamente cinco anos depois, os caminhoneiros mantêm a coesão grevista através de grupos de WhatsApp e convoca a população no nosso feed de notícias do Facebook. É o fator comunicação midiática quem, de fato, está fazendo o “bloqueio” das principais vias de cada cidade. Imagina que, se não fosse o aplicativo de mensagens instantâneas, a greve não teria tanto alcance e duração quanto esta, simplesmente porque perderia poder de agregação nacional.
Agora é bom lembrar também que, enquanto a coesão grevista sustentada pelo WhatsApp traz alguns benefícios para a categoria que está reivindicando melhorias de trabalho, é também o WhatsApp, aliado ao Facebook, o ambiente fértil para a proliferação rápida das Fake News, das quais até a grande mídia está suscetível a criar e a compartilhar também.
Enquanto a hiperconexão, portanto, nos proporciona coesão e apoio à bandeira grevista, a instabilidade ecoa nas portas do governo, do qual está “perdido” diante de tal situação. Estamos vivendo dia após dia sem saber o que, de fato, esse dia nos reserva, até porque já estamos “parados”, pois na reserva os nossos veículos já estão.
Fonte: Blog do Ramon Nascimento
Créditos: Blog do Ramon Nascimento