E aí quando você pensa que tudo está tão ruim que não pode piorar, eis que se descobre que pode sim, e para bem pior! Enquanto está toda esquerda focada no “Fora Bolsonaro” e bombardeando as redes sociais com “impeachment já” (para mim uma enorme perda de tempo, pois não adianta nada tirar o Bolsonaro e escancarar a porta para o Mourão), o governo genocida segue como um desbravador, derrubando árvores, queimando qualquer obstáculo à sua frente e fincando bandeiras em cada clareira aberta!
Os pontos conquistados pelo Capitão e sua tropa de zumbis nos últimos dois dias, acho que surpreendeu até mesmo a ele (o Capitão), que deveria se contentar com pelo menos um ponto e acabou marcando dois. Infelizmente um povo que não suporta lê e que por isso mesmo, não consegue escrever, também não consegue alcançar o enorme estrago que causa ao Brasil, as eleições dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira – PP-AL e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco. Os resultados desse desastre já provocaram efeitos imediatos. Em seu primeiro ato ao assumir o cargo, no final da noite de segunda-feira, Arthur Lira, candidato favorito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) invalidou o bloco da chapa de Baleia Rossi (MDB-SP). Rossi era seu principal adversário na corrida e candidato do agora ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). “A primeira medida de Arthur Lira na cadeira de presidente é apenas a demonstração do que será essa presidência”, reagiu a líder do PSOL, Sâmia Bomfim (SP), em manifestação pelo Twitter.
A iniciativa do parlamentar alagoano se mostrou ditatorial e revanchista, ao mesmo tempo em que despertou comparações com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), que teve uma gestão conhecida pelos desmandos (2015-2016) e que atualmente cumpre prisão domiciliar. O resultado dessa eleição representa uma derrota do então presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e uma vitória política para Jair Bolsonaro, que se envolveu diretamente nas articulações para levar Lira ao posto e é acusado de distribuir cargos e emendas em troca de votos. Mas o que interessa para nós a derrota de um e a glória do outro, se qualquer desses resultados, nesse cenário, teria o mesmo peso?
O que nos deixa bastante confusos (e nesse caso, a mim particularmente) é: o que fazia ali o PT e demais partidos de esquerda apoiando um candidato emedebista, do time do judas do impedimento de Dilma Roussef, o vice Michel Temer, o deputado Baleia Rossi, na Câmara e Rodrigo Pacheco no Senado? Seria esse mais um tiro no pé de uma esquerda desastrosa que me parece, já deveria estar calejada de tanto quebrar a cara na mesma esquina! Essas escolhas seriam apenas de Lula – no caso do PT – ou teria uma comissão formada só para essas tomadas de decisões? Imediatamente a essas indagações virão medalhões dos partidos que fazem a oposição ao governo, dizer que tudo é estratégia e que infelizmente “os fins podem justificar os meios”, e que não importa com quem tenhamos que nos aliar, pois o importante é tirar o Bolsonaro! Não! A derrota foi bem mais fragorosa, porquê ao aliar-se com a direita, a esquerda expôs sua fragilidade e dessa forma perde toda a sua essência! Não justifica, em um momento, convocar a militância para ir as ruas contra um governo que só o mal tem causado ao país, enquanto num outro como numa disputa tão importante como a presidência do Senado, apoiar o mesmo candidato apoiado por Bolsonaro. Que estratégia é essa? Não entendi!
E não me venham justificar ainda mais tais articulações, por que é sabido que uma ala petista quase foi aos tapas com outra ala para defender o próprio Lira logo no comecinho dessa disputa! Logo o Lira acusado pelo MP, de comandar rachadinha em Alagoas, suspeito – segundo matérias publicadas na imprensa nacional – de desvio de dinheiro da Assembleia de Alagoas, absolvido depois pela Justiça, um caso que assombrava o agora presidente da Câmara já a 13 anos. A denúncia do Ministério Público era muito grave e milagrosamente acabou sendo retirada de todas as pautas. Mas a oposição já sabia disso, não é mesmo? Uma vergonha! A esquerda não dispõe de bons quadros? Mentira! Temos nomes de luta e de respaldo popular que poderia muito bem representar essa oposição. Mulheres fortes que estão todos os dias nas redes sociais e no próprio plenário brigando por um país melhor.
A derrota seria bem melhor entendida e aceita, pois isso não envolveria negociação e nem acordos para se administrar apenas sobras! Não se justifica unir forças com Rodrigo Maia, um dos apoiadores do Golpe de 16, segundo afirma o ex-deputado e ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha em seu livro que pode bombar nas livrarias de todo o país o qual acusa Maia de haver emprestado a própria casa para toda a articulação do golpe e que até o último momento segurou todos os pedidos de impeachment contra Bolsonaro (mais de 60) em sua gaveta. Acho que está faltando mesmo é amor próprio ao PT, pois mesmo sendo achincalhado pelos irmãos “Ferreira Gomes”, mesmo assim agarra-se ao nome como se não tivesse outros para um enfrentamento!
E por conta dessa incompetência, os desmandos se seguem pelo Brasil, com um governo negacionista desmontando o Brasil de uma forma acelerada e indecente, passando por cima de tudo e de todos como um rolo compressor, permitindo milhares de mortes pelo coronavírus, negando socorro a quem mais precisa (para que exemplo maior que a tragédia de Manaus- AM, onde pessoas morreram sufocadas estarrecendo o mundo) e atribuindo a culpa aos governadores, destratando pessoas e desfazendo de profissionais, usando palavrões, antes proferidos apenas em ambientes de quinta categoria e por pessoas, também assim qualificadas, agredindo jornalistas, gastando o dinheiro público com chicletes e leite condensado e rindo da cara de todo mundo!
Bolsonaro descobriu que ele sempre pôde tudo e que a oposição não é páreo para ele que, apesar de ter uma minoria de seguidores em seu favor, mesmo assim parece uma minoria bem mais articulada em defender o seu mito. Respaldado na vitória obtida “O presidente Jair Bolsonaro entregou na quarta-feira (3) aos presidentes do Senado, e da Câmara, uma lista com 35 projetos prioritários no Congresso. Dentre estes, a privatização da Eletrobras, que tem um projeto de lei parado na Câmara desde 2019, a flexibilização da posse e do porte de armas, com projetos em tramitação na Câmara e no Senado, a revisão de lei de drogas para facilitar a condenação por corrupção de menores, em tramitação no Senado, o projeto de lei que inclui militares no chamado excludente de ilicitude, que abre brecha para que os agentes de segurança não sejam punidos por excessos durante a atuação, ou seja, não serão responsabilizados criminalmente caso matem e comprovem ter agido sob forte emoção. O texto está pendente de análise na Câmara. O projeto de lei de regularização fundiária, que opõe ambientalistas e ruralistas, que tramita na Câmara e que foi retirado de pauta ainda em maio de 2020, agora, também está entre as prioridades”. A matéria com todos os 35 projetos está publicada no portal Congresso em foco do último dia 03 de fevereiro. Agora, provavelmente, caem os obstáculos e a “boiada” poderá passar sem maiores problemas!
A possibilidade de a pastora e deputada federal, Flor de Liz assumir um cargo na Secretaria da Mulher foi provada que não passa de fake News e foi prontamente desmentida pela secretária da Mulher, Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO). Mas de acordo como a banda está tocando, já não duvido de mais nada!
*E aqui me aproprio do famoso título da obra de João Ubaldo Ribeiro, publicado a mais de 30 anos, em que o autor retrata a degradação do indivíduo; o cientificismo; o político que quando jovem era de esquerda, depois compromete-se com a direita e o golpe militar de 1964 e, finalmente volta-se para um partido liberal conquistando altos cargos. E assim espero que me tenha feito entender.
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba