
Por Míriam Leitão:
O presidente eleito Jair Bolsonaro tem recebido conselhos de seus assessores, formais e informais, na política externa que podem conduzi-lo a cometer os mesmos erros do PT, que é fazer uma diplomacia ideológica e seguir uma caça às bruxas no Itamaraty.
Um bom nome que surgiu para chefiar o Itamaraty é o embaixador José Alfredo Graça Lima. Ele serviu bem a todos os governos com os quais trabalhou, sem um pingo de ideologia. Tem várias experiências internacionais e multilaterais. É aceito e respeitado dentro do Itamaraty. Mas tem sido bombardeado, no bolsonarismo, com o argumento de que seria “ligado a FHC”. Ora, essa foi a mesma acusação feita a ele nos governos do PT, quando ele foi levado à função consular. Se for fazer lista dos “ligados a FHC” vai colocar no ostracismo quadros excelentes.
Se a ideia for imitar o PT, e fazer o mesmo só que no sentido contrário, Bolsonaro deve ouvir esses conselheiros. Se o propósito é fazer uma política externa que não se deixe levar por aventuras, não persiga ligações ideológicas, ele deve escolher alguém da carreira com a capacidade de buscar os interesses permanentes do Brasil. A diplomacia, quando é boa, é de Estado e não de um governo.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo