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O olho de Lula está mais voltado para o mundo do que para o Brasil - Por Ricardo Noblat

Só Deus e Lula sabem por que o único brasileiro eleito pelo voto popular para governar o país três vezes parece mais ocupado com os problemas internacionais do que com os que o tocam por aqui. Talvez Janja, a primeira-dama, também saiba, mas não conta.

Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Só Deus e Lula sabem por que o único brasileiro eleito pelo voto popular para governar o país três vezes parece mais ocupado com os problemas internacionais do que com os que o tocam por aqui. Talvez Janja, a primeira-dama, também saiba, mas não conta.

Certamente que Janja não concorda com o diagnóstico. Ela o ouve falar diariamente sobre questões internas, acompanha-o em todas as viagens, se está em Brasília, almoça e janta com ele, cuida de sua saúde, e vigia para que Lula não morra de trabalhar.

Mas os números nem sempre mentem. Nos seus primeiros 5 meses de mandato, Lula reuniu-se no exterior com 30 chefes de governo, e em Brasília, apenas 9 vezes com deputados ou senadores de partidos aliados, segundo levantamento do jornal O Globo.

Trinta encontros internacionais em cinco meses correspondem praticamente ao total de encontros internacionais (31) que teve Bolsonaro em quatro anos de governo. Ok, Bolsonaro foi um isolacionista e não despertou o interesse de chefes de Estado.

Bolsonaro, porém, eleito presidente como o antipolítico, nos seus primeiros cinco meses de mandato participou em Brasília de 83 encontros com parlamentares de 17 partidos diferentes; e Michel Temer, de 39. Lula só superou Dilma (4 encontros).

O que deu em Lula, no passado reconhecido por amigos e desafetos como “um animal essencialmente político?” De novo: só a Santíssima Trindade sabe ao certo (Deus, ele e Janja). No início deste mês, perguntado a respeito, ele desculpou-se:

“Eu procuro não me meter muito na questão da Câmara, porque conversar com um [deputado] já é difícil, imagine com 513”.

Lula passou a vida conversando. Gostava de falar e de ser ouvido, e um pouco menos de ouvir os outros. Nos 580 dias de prisão em Curitiba, o que mais sentiu falta foi das rodas de conversas. Nos momentos de solidão, puxava conversa com os carcereiros.

Por Lula, hoje, no Senado, quem fala é o senador Jaques Wagner (PT-BA). E na Câmara, Alexandre Padilha (PT-SP), ministro das Relações Institucionais. Nesta terça-feira (30), Lula se reunirá em Brasília com presidentes de 11 países da América do Sul.

 

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba