O acréscimo de R$ 66,00 ao novo salário mínimo, que vai passar dos atuais R$ 724,00 para R$ 790,00, a partir de 1º de janeiro, deverá injetar na economia paraibana, ao longo de 2015, mais de R$ 977 milhões, incluindo o 13º salário.
Valor começa a ser recebido no final de janeiro. Mais de 1,1 milhão de trabalhadores na Paraíba têm como renda o salário mínimo. Desse total, 617 mil são segurados do INSS, 481 mil são empregados do setor privado e 42 mil são servidores públicos do Estado.
O relatório do orçamento – aprovado na noite da última segunda-feira pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) – confirmou o reajuste nominal de 9,1% no salário mínimo. O novo valor começa a chegar na conta dos assalariados no final do mês de janeiro.
A composição do salário mínimo é a soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2014 com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2013.
Para o superintendente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos na Paraíba (Dieese-PB), Renato Silva, o novo salário é positivo para os trabalhadores, pois é superior à estimativa de inflação de 2014 (6,4%) junto à variação do PIB de 2,3% de 2013. Para Silva, a demanda por serviços será maior a partir do ano que vem. “Tendo em vista que grande parte dos pagamentos na Paraíba estão atrelados ao salário mínimo, o consumo de bens e serviços demandado pela população vai ser maior na economia. Em um Estado pobre como o nosso, o impacto é salutar, pois grande parte dessa renda vai para o consumo”, esclareceu Renato.
A proposta orçamentária original do governo federal previa o aumento do salário mínimo para R$ 788,06, mas o senador Romero Jucá arredondou o valor “para facilitar a vida de empresas e funcionários”.
Para Renato Silva, o arredondamento do novo salário deve afetar a margem de lucro das empresas e haverá repasse de custos nos produtos. “O aumento deve ser entendido como uma motivação para os trabalhadores, mas muitas empresas não conseguem entender essa conquista com um retorno para elas”.
Para o presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas (FCDL) da Paraíba, José Lopes Neto, todo aumento é bem-vindo, mas é preciso colocar na balança a questão da inflação. “Tivemos reajuste de combustível e energia, e isso onera o bolso do assalariado”.
O presidente da Associação Paraibana dos Supermercados (ASPB), Cícero Bernardo, também acredita que é preciso pensar na inflação antes de comemorar. “Todo aumento na renda acaba refletindo no comércio, mas sempre tem um aumento no valor dos produtos, talvez fique uma coisa pela outra, mas a gente sempre espera que o trabalhador saia ganhando”.
Segurados do INSS respondem por mais de 55% do montante
Do total de R$ 977 milhões que serão injetados na economia paraibana, mais de 530 milhões (55%) virão do segurados do INSS da Paraíba. Ao todo no Estado, são mais de 617 mil aposentados e pensionistas do INSS no Estado que recebem um mínimo por mês.
Segundo o superintendente do Dieese-PB, Renato Silva, o impacto diferencial é a elevação do poder de compra para os segurados. “Embora sejam trabalhadores que chamamos de inativos, são pessoas que estão incluídas na economia.
O grande impacto é que eles terão maior poder de compra, o que vai também contribuir para o aumento nas vendas de lojas, por exemplo”. Segundo Renato, o impacto não é diferente para servidores públicos e empregados do setor privado. “Tem havido um aumento no mercado de trabalho, embora aqui na Paraíba não seja pujante. Mas isso é reflexo da demanda que cresce, que com certeza vem desse aumento salarial”.
Jornal da Paraíba