homilia

Novo arcebispo metropolitano toma posse em solenidades na capital paraibana

"A espiritualidade franciscana ensina-nos a obediência a Deus e à Igreja"

 

O Santo Padre, o Papa Francisco, no dia 8 de março passado, nomeou-me Arcebispo desta querida Arquidiocese de Nossa Senhora das Neves da Paraíba. Nesta Celebração Eucarística, com a posse, assumo os bônus e os ônus desta missão sagrada de ser o Pastor desta porção do Povo de Deus. Aqui estou com o coração confiante, feliz e esperançoso. Estou confiante porque sei que a graça de Deus não falta aos seus. Ela nunca faltou na minha vida de cristão, na minha vida religiosa e no meu ministério sacerdotal e episcopal. Por isso, sei que não me faltará aqui e agora na Arquidiocese da Paraíba. A minha confiança de que serei bem sucedido aqui vem de Deus. Quem confia em Deus não tem em quem temer.

Estou feliz porque desde a minha nomeação tenho recebido apoio e acolhimento da parte do clero e do povo – isso é um bom começo; feliz porque estou dizendo “sim” à Igreja e toda vez que disse sim à Mãe Igreja fui muito feliz. Fui muito feliz como frade, fui muito feliz como sacerdote, fui muito feliz como Bispo, em Caicó e em Campina Grande, e serei muito feliz como Arcebispo da Paraíba, porque sei que minha missão aqui é buscar em tudo a vontade de Deus. Se eu tivesse dito não, iria carregar para o resto da minha vida uma tristeza muito grande, porque não sei dizer “não” à Igreja (quando o Núncio disse-me que o Papa havia-me nomeado Arcebispo da Paraíba e me deu dois dias para pensar e responder, eu respondi no prazo dizendo: “nunca disse não à Igreja, e não é agora que vou dizer); mas como disse “sim”, a graça de Deus está sendo abundante em minha vida e na graça divina está a razão da serenidade.

Esperançoso porque sei que a Igreja da Paraíba quer fazer um caminho de comunhão com o seu Arcebispo, que vem em nome do Senhor. Desse modo, quero ser em tudo e por tudo obediente ao Senhor, colocando-me a serviço desta Igreja. Estou aqui para servir! Servir aos padres, diáconos permanentes, religiosos, religiosas, lideranças cristãs, vocacionados e seminaristas, leigos e leigas: crianças, jovens, adultos e idosos, pobres e sofredores; estou aqui para servir os que têm Deus e os que estão afastados dEle. Para esses, todo esforço para que se voltem com esperança para o Pai misericordioso. A nossa fé leva-nos à esperança de podermos construir juntos o Reino de fraternidade, paz e alegria.

O mundo evidencia a violência, conflitos, guerras, ódios, desigualdades, competições, drogas, etc. Este mundo assim não nos agrada e precisamos mudá-lo com a força do Evangelho num mundo de fraternidade, respeito, justiça, paz e alegria. Neste mundo querido por Deus, o mundo do bem, a vida flui mais leve, alegre, nas asas da esperança. Então, entendemos a palavra de Jesus: “meu julgo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 30). O julgo do Filho de Deus é um mundo livre da tristeza do pecado, do egoísmo, da concupiscência, do consumismo sem freio, das divisões, das guerras e do mal. Quando abraçamos a via da verdade e do amor, a vida chega à plenitude.

A espiritualidade franciscana ensina-nos a obediência a Deus e à Igreja.

Quem é obediente ao Senhor sabe que vai carregar a cruz e que a cruz pesa. A vida cristã tem que passar pela cruz, senão não é cristã. Jesus cumpriu sua missão de obediência ao Pai, carregando a cruz dos nossos pecados e no calvário ofereceu-se pela humanidade. Um cristão, e especialmente um franciscano, não deve fugir da cruz. São Francisco de Assis, o Arauto da Paz, encontrou a razão da sua vida e a força da sua vocação missionária diante do crucificado. Portanto, a teologia da cruz faz parte da minha formação de discípulo do Senhor. Essa teologia da Cruz leva-nos à ressurreição e à salvação, que gera tanta esperança. É nela, na cruz, que a vida dá-se e dela é que a vida prepara-se para renascer na ressurreição. Este tempo pascal ajuda-nos a viver este mistério da vitória do Cristo.

No Evangelho, Jesus diz uma palavra que os discípulos jamais podem esquecer: “o servo não é maior que seu Senhor. Se perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15, 20).

Francisco, falando com o Crucificado, ouviu dEle um pedido: “Vai, reconstroi a minha Igreja”. Ele obedeceu! Saiu dali e foi cumprir o pedido do Crucificado, começando sua atividade evangelizadora e foi atraindo irmãos, com os quais formou uma fraternidade missionária e ajudou a Igreja a se renovar. Chego aqui perguntando ao Senhor: “que queres que eu faça?”. O Senhor me diz: “ide aos meus irmãos” da Paraíba para anunciar o Evangelho da esperança, apascentar o meu povo com o coração do Bom Pastor, santificar os fieis com os sacramentos da vida.

O apóstolo Paulo, unindo-se a Timóteo, discípulo de Listra, transmitiu “as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém haviam tomado. E recomendavam que fossem observadas. As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número” (At 16, 4). Eles eram conduzidos pelo Espírito Santo e iam onde o Espírito levava-os. Por isso foram à Macedônia. E fizeram muito bem àquela Igreja. Estou aqui porque o Espírito Santo, que governa a Igreja, trouxe-me para fazer o bem a esta Igreja. Não fui eu que escolhi a Arquidiocese da Paraíba. Foi o Papa Francisco que me nomeou em nome de Cristo e eu aceitei de bom grado e venho com a força do Espírito Santo para amar a Arquidiocese da Paraíba, que o Senhor me confia. Quero amar esta Igreja com todas as minhas forças e com todo o meu coração. Quero somente o bem desta Igreja de Jesus Cristo. Farei tudo o que me for possível para que ela se fortaleça na fé e cresça segundo os desígnios do Pai.

O Papa Francisco, recentemente no Egito, disse que “a Igreja é mãe que dá à luz a tantos filhos. Com seu método que não é proselitista, mas do testemunho à obediência”, tem feito muito bem à humanidade. Seu método é testemunho da caridade, principalmente no serviço aos mais necessitados, aos desvalidos, aos enfermos, aos apenados, aos idosos, aos órfãos, aos pobres.

O anúncio que trago a João Pessoa e a toda a Arquidiocese da Paraíba, usando as palavras do Papa Francisco, é: “Alegra-te, alegra-te! A alegria de ser cristão. O Senhor nos dê, a todos nós, a graça de viver a Igreja assim: em pé e em saída, na escuta das inquietações das pessoas, na alegria”. Que nada nos tire a alegria, que nada nos tire a paz, que nada nos tire a esperança!

Quero retribuir a alegria da acolhida com o meu serviço de Arcebispo. Agora, sou vosso Arcebispo!
Nossa Senhora das Neves, nossa Mãe e Padroeira, interceda por mim e por todos, para que sejamos, em tudo, testemunhas do Cristo Ressuscitado, agentes do bem e da paz! Amém!

Agradecimentos finais:

Quero retribuir a confiança da Igreja, a confiança do Papa Francisco.

Quero agradecer a presença do Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner.

Quero agradecer de modo muito cordial a Dom Genival Saraiva de França, que neste período de vacância cumpriu com responsabilidade, amor, firmeza e sabedoria a missão de Administrador Apostólico. Deus o ilumine e recompense por tanta generosidade.

Agradeço a Deus pelos meus antecessores, que semearam o bem e fizeram a semente do Verbo crescer nos corações das crianças, jovens, adultos e idosos: Dom Adaucto Aurélio de Miranda Henriques, Dom Moisés Sizenando Coelho, Dom Mário de Miranda Vilas-Boas e Dom Marcelo Pinto Carvalheira, em memória, que Deus os recompense pela vida doada pela Igreja da Paraíba. E os Arcebispos Eméritos Dom José Maria Pires e Dom Aldo di Cillo Pagotto, aqui presentes, pelo bem que fizeram no governo da Arquidiocese da Paraíba, como o IV e o VI Arcebispo, respectivamente. Deus os recompense com bênçãos de paz e saúde!

Agradeço a presença dos irmãos arcebispos e bispos, agradeço seu apoio fraterno e amizade, agradeço a todos nas pessoas do Presidente do Regional NE 2, Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife; e Dom Leonardo Steiner, Secretário Geral da CNBB, representando a Conferência. Agradeço aos sacerdotes amigos das Dioceses de Caicó, minha primeira Diocese, e de Campina Grande, a segunda Diocese, que me trouxe a João Pessoa. A convivência com vocês foi fundamental para chegar hoje à Arquidiocese da Paraíba: aprendi muito com vocês! Deus lhes pague! Agradeço a presença dos sacerdotes das outras Dioceses do Regional NE 2, especialmente os da Província Eclesiástica das Dioceses da Paraíba: Guarabira, Patos, Cajazeiras, Campina Grande, e de outros Regionais.

Agradeço a presença fraterna dos bispos capuchinhos da Bahia: Dom José Ruy da Diocese de Jequié, BA, e Dom Rubival Cabral da Diocese de Grajaú, MA, e dos provinciais dos Capuchinhos Frei Liomar Pereira e Frei Frankly Dinis das Províncias da Bahia e Sergipe e do Nordeste do Brasil, respectivamente, e com eles os irmãos capuchinhos.

Agradeço as autoridades da Paraíba pelo encontro de ontem, pela presença nesta celebração e pela cortesia em vir ao meu encontro: ExcelentíssimaVice-Governadora da Paraíba Sra. Lígia Feliciano, Excelentíssimo Prefeito de João Pessoa Sr. Luciano Cartaxo.

Agradeço aos meus familiares, que vieram da Bahia, das cidades de Biritinga, Feira de Santana, Alagoinhas, Salvador e Brasília: irmãos, cunhados, sobrinhos e primos. Obrigado pelo amor, pelo testemunho de fé e pelas orações.

Agradeço minha grande família de Caicó e Campina Grande: padres, diáconos, religiosos, seminaristas, famílias amigas e colaboradores. Deus os recompense por tudo! Vocês estão no meu coração e nas minhas orações!

Agradeço agora, de modo especial, à Arquidiocese da Paraíba: os padres, religiosos, seminaristas, membros das comunidades novas, pastorais, movimentos, serviços, equipes todas e funcionários da Arquidiocese e todos que se manifestaram acolhendo-me desde minha nomeação e trabalhando para preparar estes momentos da posse.

 

Fonte: Assessoria