Incompetente em meio ao caos que se apresenta pelo crescimento do coronavírus, pelo mundo, governo brasileiro briga com governadores e minimiza pandemia!
Nesses dias de confinamento me dei todo o tempo do mundo para pensar no que que deve e pode estar acontecendo no mundo e – bem particularmente – no Brasil com o avanço do coronavírus na vida de todos. Como uma “gripezinha” (foi assim que classificou ao aterrador corona vírus, o deslumbrado Capitão, em mais uma das suas sandices), tem mexido tanto com a vida e a saúde das pessoas?
Um vírus letal varre o mundo, a partir da China, como um gigantesco tsunami e a liderança, que tem a obrigação de levar o povo a quem – infelizmente, comanda – simplesmente minimiza o problema, olhando sempre de cima os súditos, mandando, indiretamente, um sonoro “foda-se”! Na verdade isso não me surpreende, mas deveria surpreender os seus seguidores, o que não parece estar acontecendo! As pessoas que acreditaram, no entanto, já começam a entender que estão sozinhas e respondem o desdém com sonoros panelaços! Pelo menos começam a reagir os mais conscientes!
“Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não. Tá OK? Se o médico ou o Ministério da Saúde recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente”, declarou. Isso foi dito após ele ser questionado por jornalistas se faria um novo exame para detectar o coronavírus. No entanto, logo em seguida, em videoconferência ao lado de Jair Bolsonaro com empresários, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o sistema de saúde do país entrará em colapso no fim de abril, por conta da proliferação do coronavírus! Em testes realizados nos dias 12 e 17 de março, pelo menos 23 pessoas que integraram a comitiva que acompanhou o presidente em uma viagem aos EUA foram diagnosticadas com a covid-19. No entanto, Bolsonaro se negou a apresentar o resultado dos exames para o coronavírus que, segundo ele, deram negativo!
E então? A questão é que a “gripezinha” vem revolvendo todo o “sistema” e com efeito devastador, vem arrastando pessoas, autoridades (mesmo aquelas vestidas em suas armaduras de proteção governamental) que são engolidas pelo tsunami e que acabam arrastando para a mesma vala dos “quase comuns”, outros poderosos, mostrando ao Capitão que, mais uma vez, ele pratica uma “bola fora” que só entristece cada vez mais quem tanto acreditou no “Paladino da Justiça”!
E contrariando o dono da “bola”, o ministro Mandetta, admite que “o vírus tem um padrão de transmissão muito competente, e que cada pessoa, quando em movimento normal, o vírus faz um espiral, uma curva de 90 graus, pega ar e sobe. São Paulo está fazendo o início do seu redemoinho”, declarou. Reconhecendo a seriedade do que foi negligenciado pelo chefe, Mandetta procura ser mais didático e avisa: “A gente deve entrar em abril e iniciar uma subida rápida. Essa subida rápida vai durar o mês de abril, o mês de maio e o mês de junho, quando vai começar a ter uma tendência de desaceleração de subida”, estimou. Segundo o ministro, no mês de julho, o contágio deve começar estabilizar-se e em agosto vai começar a mostrar tendência de queda.
Seguindo na contramão dos acontecimentos, na última quinta-feira (19), em sua live semanal, Bolsonaro criticou as medidas adotadas pelos governos estaduais para conter o avanço da doença e disse que a economia tem de “funcionar”! Diante de tanto desdém, o governador de São Paulo, João Doria, que sempre seguiu a cartilha de descasos do governo federal, (quem diria), na briga que agora trava com o bolsonarismo, reagiu aos ataques de Jair Bolsonaro, que o chamou de “lunático”, em entrevista à CNN, e o acusou de tentar politizar a crise. “Ele chama o corona vírus de ‘gripezinha’ e eu que sou lunático”? Na noite da última segunda-feira, Doria decretou o fechamento de atividades não essenciais em todo o estado de São Paulo.
A verdade é que, enquanto o mundo ergue muros e veste couraças para enfrentar a ameaça, o governo brasileiro briga com governadores pelos cuidados adotados por suas próprias contas em defesa da população. Segundo a revista Fórum, o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, deu uma longa declaração pública, no último sábado (21), na qual analisou vários aspectos sobre a crise do coronavírus no país, uma semana depois de decretar o estado de alerta nacional por causa do covid-19.
Segundo Sánchez, o país vive “dias muito difíceis”, e que “o pior ainda está por vir”… Até o momento em que escrevia este artigo, a Espanha já registrava oficialmente mais de 25 mil casos de Covid-19, com 1,4 mil mortes. O Ministério da Saúde do país europeu também registrava mais de 2 mil casos de pacientes que já se recuperaram da infecção. Ele pediu aos espanhóis para serem “fortes, em um momento que requer a união de todos”, e garantiu que “todos os recursos do Estado estarão voltados, nas próximas semanas, a vencer esta batalha”.
Aproveitando para atualizar aqui, alguns dados internacionais, “o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, determinou, nesta terça-feira – 24, quarentena de três semanas em todo o país por causa do surto do novo coronavírus”. “Com o início da quarentena em toda a Índia, que tem quase 1,33 bilhão de habitantes, o número de pessoas confinadas em todo o mundo por causa da pandemia passou a 2,3 bilhões, ou um terço da população mundial, segundo levantamento da agência AFP”. A Itália, por sua vez, “após dois dias com números de mortes em queda, registrou 743 vítimas fatais nas últimas 24 horas em decorrência do novo coronavírus, atingindo o total de 6.820 óbitos, de acordo com o chefe da Agência de Proteção Civil da Itália. O órgão do governo que compila as estatísticas de Covid-19 no país, também, reconheceu que o número de casos no país pode ser dez vezes maior do que o reportado oficialmente.
Diante de um quadro tão desolador, após contemplar o deserto em que o nosso país se transformou, me chamou a atenção um artigo publicado na Folha de São Paulo, na semana que passou, quando o articulista faz uma análise radiográfica do que somos e em que nos transformamos nos últimos dias! Sem meias palavras ele diz em seu contundente artigo:
“…Sinto uma aflição insuportável quando imagino o que poderá acontecer com o Brasil logo mais. Apesar de contar com autoridades de saúde decentes, competentes e comprometidas, desconfio que áreas imensas da nação serão devastadas pelo novo coronavírus, que se sentirá à vontade para evoluir num país esfrangalhado pela desigualdade e pelo abandono, habitado por uma multidão de pessoas boas e resignadas, sem condições de expressar indignação ou usufruir dos seus direitos. Pior ainda, dirigidos por governantes irresponsáveis, desprovidos de compaixão e incapazes de prover dignidade à existência humana”. Foi o que disse, aos 74 anos, o professor Miguel Srougi, titular de Urologia da Faculdade de Medicina da USP e um dos mais conceituados médicos do país, em seu artigo. Ele, ainda acrescenta que “dentro de três semanas muitos brasileiros que hoje perambulam suavemente pelas nossas ruas morrerão pelo novo coronavírus”.
Na visão do economista Luiz Gonzaga Belluzzo em entrevista concedida a um outro jornal. “A crise atual será maior do que a de 1929. O PIB brasileiro pode cair mais de 10% neste ano, caso medidas drásticas não sejam tomadas”. O economista vai mais além e acrescenta que “Bolsonaro não em condições de ser presidente da República. Ele não entende nada do mundo em que está vivendo”, diz!
Mas, não seja por isso. Apesar “d’Ele”, todas as medidas estão sendo adotadas e aos poucos estamos vendo estados e cidades esvaziadas, ruas desertas e gente trancada – algumas em casebres outras em gaiolas de ouro – e apenas um carro ou outro cruzando asfaltos e pontes, seguindo sabe-se pra onde?
A nau parece desgovernada e precisamos, todos, segurar o leme! Independentemente do que pensa o Capitão, governadores – do Oiapoque ao Chuí, – adotam suas providências e medidas amargas, mas eficazes, vão sendo tomadas. E com a ajuda de todos retomaremos o rumo das “águas tranquilas” em que, por fim, venceremos!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba