O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que “não assiste à TV Globo” para evitar comentar a entrevista do ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) ao “Fantástico”, exibida ontem à noite.
Ao deixar o Palácio da Alvorada, nesta manhã, Bolsonaro parou para conversar com seus apoiadores, como de costume. Prontamente, foi questionado sobre as declarações de Mandetta e, visivelmente irritado, respondeu que não seria agora que ele começaria a assistir à TV Globo.
Bolsonaro tem uma relação conflituosa com a emissora e com a imprensa em geral, a quem acusa de perseguição. Constantemente, o presidente ataca empresas e profissionais de comunicação.
Ao fim da conversa com os apoiadores, o mandatário evitou o contato com os jornalistas que o aguardavam na portaria do Alvorada, mas foi questionado à distância sobre a situação de Mandetta após a entrevista ao Fantástico. Mais uma vez, respondeu: “Para toda a imprensa: eu não assisto à TV Globo”.
Na sequência, Bolsonaro entrou no carro oficial e deu ordem para que o comboio deixasse a residência oficial do governo rumo ao Palácio do Planalto. A primeira agenda do dia é uma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil. o general Walter de Souza Braga Netto, às 9h.
Mandetta cobra “fala unificada”
Na entrevista à Globo, Mandetta afirmou que espera “uma fala unificada e o fim da dubiedade” entre suas orientações e as do presidente a respeito das medidas de combate à expansão da pandemia do coronavírus.
“Isso leva para o brasileiro uma dubiedade, ele não sabe se ele escuta o ministro da saúde ou se escuta o presidente da República”, afirmou.
Em tom mais comedido que no início da pandemia, Mandetta voltou a defender que a população brasileira permaneça em casa, posição contrária à defendida pelo presidente. Ainda assim, afirmou que o governo federal precisa passar uma “fala única” à população.
“[A diferença nas orientações] preocupa porque a população olha e fala assim: Será que o ministro da Saúde é contra o presidente? E não há ninguém contra ou a favor de nada. O nosso inimigo é o coronavírus, ele que é o nosso principal adversário. Se eu estou ministro da Saúde, eu estou por obra e nomeação do presidente”, afirmou.
“O presidente também olha pelo lado da economia”, prosseguiu, referindo-se à argumentação de Bolsonaro de que o isolamento piora o desemprego.
“O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura, mas chama pro lado do equilíbrio e proteção à vida. Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e possa ter uma fala unificada.”
Fonte: UOL
Créditos: UOL