Dezenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram uma carretada na tarde deste sábado pelas ruas de São Paulo para mostrar apoio a ele na condução da crise da covid-19 e criticar a Rede Globo, a TV Bandeirantes, a China e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O protesto foi convocado pelo WhatsApp e começou na frente do Ginásio do Ibirapuera, local que vai abrigar o terceiro hospital de campanha da cidade.
Um homem na caçamba de uma caminhonete fez um discurso pedindo para as pessoas não assistirem a essas duas emissoras e boicotar qualquer marca que anunciar nestes canais. Ele ainda acusou a China de financiar as redes de televisão em associação com Doria.
Próximo dali, caminhoneiros estacionaram seus veículos junto à Assembleia Legislativa e um coro de “Fora Doria” se instalou. A manifestação também contou com dezenas de carros e bandeiras do Brasil. Os discursos tinham frases habituais de apoiadores do presidente como “minha bandeira nunca será vermelha”.
Doria tem se destacado como um dos governadores que, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e até do Ministério da Saúde de Bolsonaro, impuseram medidas como fechamento de comércios e escolas para tentar frear o avanço do novo coronavírus.
Os manifestantes seguiram para a Avenida Paulista e de lá partiram para a sede da TV Globo na capital paulista, onde o protesto atingiu seu ponto algo. Pelo menos 200 pessoas estavam no local chamando a emissora de traidora da pátria. Eles intercalavam coro contra o canal de televisão e o governador João Doria.
Entre eles estava o empresário Cleyson Lombardi, 47. Ele afirma respeitar a quarentena, mas diz que as pessoas precisam trabalhar. “Dependo do comércio e meu movimento caiu 80%”. Ele transporta motos para oficinas e lojas e trabalha sozinho. “O que salva é o dinheiro do capital de giro, mas estou no limite”.
Perto deste ponto da cidade, policiais militares fecharam se concentraram a três quadra da rua da casa de Doria, que fica nos Jardins, e fecharam o acesso à residência.
Os manifestantes tinham outro destino e seguiram em direção à sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), localizada na avenida Paulista. Eles não tinham reclamação a respeito da atuação dos empresários, mas buscavam a visibilidade do endereço mais conhecido de São Paulo.
Assim como o presidente Bolsonaro, os manifestantes se opõe a medidas de isolamento social e argumentam que o impacto econômico será grave. Alguns carros tinham faixas pedindo a saída de João Doria, considerado traidor por se eleger colando sua imagem a do presidente nas eleições de 2018.
O governo de São Paulo enviou nota na qual afirma que “respeita o direito à livre expressão de todos que desejam participar de manifestações no estado”.
No entanto, ressalta o comunicado, “é importante reforçar que o isolamento social é essencial para diminuir os casos e mortes de COVID-19, de acordo com a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde.”
O Brasil tem 20.727 infectados pela doença contabilizadas pelo governo federal, e 1.124 mortes.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: UOL