Mulheres trans

Mulheres trans querem fazer história na política em 2018

Foi a violência mais brutal que levou a cantora Renata Péron,
mulher trans, a decidir entrar na política. Em 2007, ela foi
agredida por nove pessoas na Praça da República, no Centro de
São Paulo. Perdeu um rim. Fez terapia. Saiu de lá e quis fazer a
diferença. Se liou ao PSOL e vai disputar o cargo de deputada
federal. “Nesse momento em que tantos políticos tentam barrar
os direitos LGBT, nós temos que arregaçar as mangas e
concorrer. Eu sou uma mulher trans de 41 anos e sempre escuto
que o branco cisgênero vai trabalhar pelas minhas causas. Eles
nunca zeram nada”, diz.

Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
reconheceu que mulheres trans poderão usar o gênero com o
qual se identicam
ao registrar as candidaturas, ter assegurado
o direito ao nome social e, mais importante, concorrer pelos
30% de candidaturas a deputadas federais e estaduais
destinados às mulheres. A Corte ainda vai regulamentar a regra,
mas já divulgou que, para isso, mulheres e homens trans
precisarão apenas se registrar em um cartório eleitoral até o dia
10 de maio.

Em 2016, 89 pessoas trans disputaram a eleição, segundo dados
da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Apenas 11 se elegeram. O número contrasta com os 179
assassinatos de transexuais registrados pela mesma entidade
em 2017. É o maior número desde que os dados começaram a
ser compilados em 2008. Em 2018, já são 33 mortes.

“A mulher trans não tem acesso a educação e tem muito mais
diculdade de entrar no mercado de trabalho. Isso gera uma
bola de neve social de exclusão. No Brasil, as pessoas trans tem
expectativa de vida de 35 anos. Mais de 85% ainda tem como
meio de sobrevivência ser prossional do sexo. Não que seja algo pecaminoso ou errado, mas não deve ser a única
alternativa de existência de uma população”, se queixa a
sergipana Tathiane Araújo. Filiada há dez anos ao PSB, ela é a
primeira mulher trans a integrar a Direção Nacional do partido,
eleita no último nalde semana.

Para serem eleitas Em Pernambuco, duas mulheres trans disputaram a eleição de
2016. Em Garanhuns, Renata Síndica, do PRB, teve 105 votos
para vereadora, mas não se elegeu. Em Palmares, Professora Gil,
do Solidariedade, amealhou apenas seis votos. O JC tentou
localizar as duas através dos dois partidos, mas não teve
retorno.

“Essa decisão que o TSE dá já devia ter vindo a muito tempo.
Para nós, é importante que agora não se repita o que aconteceu
na última eleição, em que algumas pessoas acabaram sendo
eleitas e, ao chegar na Câmara de Vereadores, tiveram problema
para ter o nome reconhecido”, registra Keila Simpson,
presidente da Antra.

Para Renata Péron, a próxima conquista que a população
precisa é convencer os partidos de que podem ser eleitas. “Se eu
estou saindo como candidata a deputada federal é porque eu z
as contas e eu tenho chance de ser eleita. Não sou só para
ajudar no coeciente.
E mesmo que eu não seja eleita, quero
mostrar para as minhas colegas que elas podem ser o que elas
quiserem, não só prostituição. Inclusive deputadas federais.”

Fonte: jc online
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