O Japão é o país onde as pessoas vivem mais. Quando um bebê do sexo masculino nasce, é esperado que ele viva até os 85 anos. Se for uma menina, a expectativa é que chegue aos 87 anos. Serra Leoa é o oposto – o país africano é onde se vive por menos tempo. Por lá, a expectativa de vida ao nascer é de 37 anos para eles e 39 anos para elas. Em ambos os extremos e em todos os países as mulheres vivem mais que os homens. E isso levanta a eterna pergunta: afinal, quem é o sexo forte?
Um grupo da Universidade do Sul da Dinamarca acaba de dar o veredito: elas. Os epidemiologistas estudaram a diferença de sobrevivência de homens e mulheres em sete diferentes eventos históricos trágicos em que as populações foram expostas a fome, doenças e violência.
Em todos os casos estudados, os homens foram maioria entre o número de mortos de todas as idades. Mesmo que em alguns destes eventos a expectativa de vida tenha despencado para menos de 20 anos, os cientistas perceberam que as mulheres superaram os homens no tempo de vida – a única exceção foi em uma população escrava de Trinidade Tobago. Os autores da pesquisa explicam que os homens da ilha levavam vantagem porque, como os escravos mais velhos valiam mais, existia um incentivo a mantê-los vivos. O mesmo não acontecia com as escravas.
A equipe também analisou a disparidade de gênero na expectativa de vida ao nascer em cada um dos períodos e notaram que as meninas recém-nascidas tinham mais chances de sobreviver que os bebês do sexo masculino.
“A grande vantagem feminina foi devido a diferenças na mortalidade entre as crianças. É impressionante que, durante as epidemias e fomes, tão severas como as analisadas, as meninas recém-nascidas ainda sobrevivem melhor do que os meninos recém-nascidos “, escreveu a epidemiologista Virginia Zarulli, na divulgação do estudo no periódico científico PNAS.
O número de nascimentos e mortes dos seguintes eventos foram analisados: Holodomor ou a Grande Fome da Ucrânia (1932-1933) que fez mais de cinco milhões de vítimas; liberdade dos escravos da Libéria (1820-1843) que foram encorajados a migrar dos Estados Unidos de volta para a África e mais de 40% deles morreram no primeiro ano após o retorno; escravidão em Trinidad e Tobago no início do século 19 – a expectativa de vida média entre os homens era de 14 anos; a fome na Suécia (1772-1773) matou boa parte da população de desnutrição; doenças epidêmicas na Islândia na metade do século 19 baixaram a expectativa de vida de 40 para 18 anos; a Grande fome na Irlanda (1845-1849) reduziu 25% da população.