Depois da entrevista que fiz com Celso Deucher, um dos fundadores do movimento O Sul É o Meu País, leitores pediram para conhecer o pila, a moeda que os separatistas criaram.
Celso, então, me enviou a reprodução de três cédulas lançadas no mês passado, no 25º Congresso Nacional do movimento. Todas homenageiam heróis do Sul. O guerreiro guarani Sepé Tiaraju estampa a nota de um pila, enquanto o líder farroupilha Bento Gonçalves aparece na de cinco pilas. Na nota de 20 pilas, a estrela é a “Heroína dos Dois Mundos”, Anita Garibaldi.
Neste sábado (7), O Sul É o Meu País promove um plebiscito informal – portanto, sem qualquer validade legal – sugerindo a separação da Região Sul do restante do Brasil. Mudando de assunto, mas ainda falando em dinheiro, é importante entender o contexto em que aparecem esses movimentos.
Na essência, o grupo de Celso Deucher questiona o que, de fato, é legítimo questionar em um momento de crise: como pode um Estado como o Rio Grande do Sul, dono do quarto maior PIB do país, não ter dinheiro sequer para pagar salários?
Bem, o Brasil é mesmo uma falsa federação: quase 60% do bolo tributário é engolido por Brasília, o que produz absurdos como governadores mendigando ao presidente da República até para construir uma ponte. Mas o que empobrece o país não é a unidade territorial e política – esta, aliás, é uma conquista –, é justamente a hipertrofia do poder central.
Aqui na América do Sul, a fragmentação do território nunca inaugurou ilhas de prosperidade, pelo contrário: inaugurou Bolívia, Equador, Venezuela, Paraguai. Já na América do Norte, o que seriam dos Estados Unidos se as 13 colônias tivessem se dividido? Provavelmente seriam irrelevantes.
Nós aqui, no sul do Brasil, não somos uma grande potência econômica, nem industrial, nem mineral, nem tecnológica. É um erro lutar por separatismo. Se existe uma luta que vale a pena é por um novo pacto federativo.