Nos municípios brasileiros em que a maior parte da população votou no presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições, a taxa de mortalidade por Covid-19 foi maior do que naqueles que votaram em maior proporção no então candidato Fernando Haddad. A conclusão é de um estudo publicado na segunda-feira, na revista Lancet.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de 5.570 municípios brasileiros, entre fevereiro de 2020 e junho de 2021. Foram comparadas cidades com a mesma desigualdade, renda e características dos serviços de saúde.
Os resultados revelaram, por exemplo, que municípios com alto índice de desenvolvimento humano (IGDH) cuja maioria da população votou no atual presidente, apresentaram taxa de mortalidade quase duas vezes maior do que naqueles com IDH semelhante, que não elegeram Bolsonaro.
Municípios das regiões Sul e Sudeste com maioria da população a favor do atual presidente, apresentaram taxas de mortalidade superiores às de cidades do Nordeste com perfil semelhante, exceto pelo fato de não ter a maioria dos votos a favor de Bolsonaro na última eleição.
“Em geral, as vulnerabilidades relacionadas às desigualdades de renda e infraestrutura de saúde moldaram a dinâmica da primeira onda de Covid-19 no Brasil. Enquanto isso, a segunda onda de Covid-19 foi explicitamente moldada pela escolha partidária dos municípios” , concluíram os pesquisadores, ligados a renomadas instituições brasileiras, como Fiocruz, Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Eles atribuem esse comportamento ao fato de um ano após o início da pandemia, o governo federal ainda se recusar a apoiar recomendações como distanciamento social e uso de máscara, e ainda insistir na promoção do tratamento precoce com medicamentos que mostraram comprovadamente ineficazes em diversos estudos rigorosos.
“Isso impulsionou o comportamento de risco de pessoas alinhadas ao pensamento do presidente Bolsonaro, expondo-os à Covid-19 e resultando em uma maior taxa de mortalidade”, finalizaram os autores.
Fonte: IG
Créditos: Polêmica Paraíba