Luto no cinema

Morre Cacá Diegues, um dos maiores cineastas do Brasil, aos 84 anos

Morre Cacá Diegues, um dos maiores cineastas do Brasil, aos 84 anos

Faleceu nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, o cineasta Cacá Diegues, aos 84 anos. A informação foi confirmada por sua família à TV Globo. Diegues foi um dos mais importantes cineastas brasileiros, tendo desempenhado um papel fundamental no Cinema Novo e deixando um legado inestimável para a cultura do país.

Nascido Carlos José Fontes Diegues em 19 de maio de 1940, em Maceió, Alagoas, o cineasta faleceu em decorrência de complicações de uma cirurgia. Sua carreira foi marcada pelo compromisso com a realidade social e política do Brasil, tornando-se um dos fundadores do Cinema Novo ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade. O movimento buscava retratar, com olhar crítico e autoral, as questões sociais do país nas décadas de 1950 e 1960.

Cacá Diegues iniciou sua trajetória cinematográfica ainda na juventude, criando um cineclube e dirigindo o jornal O Metropolitano. Seu primeiro filme profissional, Escola de Samba Alegria de Viver (1962), integrou o longa Cinco Vezes Favela, um marco do Cinema Novo.

Ao longo de sua carreira, dirigiu mais de 20 longas-metragens, muitos deles reconhecidos internacionalmente. Entre suas obras mais icônicas estão:

  • Xica da Silva (1976): Sucesso de público e crítica, o filme retrata a história de uma escravizada que alcança o poder na sociedade colonial brasileira.
  • Bye Bye Brasil (1979): Um olhar sensível sobre as mudanças sociais e culturais do país, acompanhando uma trupe de artistas itinerantes.
  • Quilombo (1984): Um retrato da luta e resistência negra no Brasil, focando no Quilombo dos Palmares.
  • Deus é Brasileiro (2003): Comédia que explora a religiosidade e a cultura popular brasileira.

Seus filmes foram exibidos nos principais festivais do mundo, como Cannes, Veneza e Berlim, consolidando sua presença no cenário cinematográfico internacional. Ele recebeu diversos prêmios, incluindo o Golden Reel de Contribuição ao Cinema Latino-Americano e o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro.

Em 2018, Diegues foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira de número 7, anteriormente pertencente ao também cineasta Nelson Pereira dos Santos. Seu ingresso na instituição reforçou o reconhecimento de sua relevância para a cultura brasileira.

Na vida pessoal, Cacá Diegues foi casado com a cantora Nara Leão entre 1967 e 1977, com quem teve dois filhos, Isabel e Francisco. Posteriormente, casou-se com a produtora Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora, falecida em 2019.