As linhas de produção da cervejaria Backer, no bairro Olhos D´Água, região oeste de Belo Horizonte, foram suspensas na tarde hoje. Equipes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fecharam a fábrica, como medida cautelar, em função de as autoridades sanitárias terem encontrado a substância dietilenoglicol, que causa uma síndrome ainda desconhecida, em dois lotes da empresa. Ao todo, 16 mil litros da cerveja Belorizontina, principal marca da Backer, foram apreendidos.
De acordo com o Ministério, também foram determinadas ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado.
A Polícia Civil investiga se o consumo de amostras contaminadas foi o que ocasionou uma “doença misteriosa” em Minas Gerais. Um homem morreu e outros nove foram internados com sintomas semelhantes ao causado pela intoxicação por dietilenoglicol desde o final do ano passado.
A força-tarefa que investiga o caso informou hoje à tarde que o número de casos passou de oito para dez. Exames de sangue de três pacientes infectados já mostraram a presença da substância.
Segundo o Ministério, auditores fiscais federais agropecuários “prosseguem apurando as circunstâncias em que ocorreram a contaminação a fim de dar pleno esclarecimento à população sobre o ocorrido”.
“Análises laboratoriais seguem sendo realizadas nas amostras coletadas pela equipe de fiscalização das Superintendências Federais de Agricultura”, disse o órgão.
Ministério notifica cervejaria
Também hoje, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou a Backer a prestar esclarecimentos, dentro de dois dias úteis, sobre a contaminação de dois lotes da Belorizontina.
No comunicado, a Senacon também solicita o recolhimento dos produtos para vistoria e compartilhamento de segredo industrial. A Backer deverá informar ao órgão quais são os estados em que os lotes foram distribuídos e programar uma campanha de recolhimento.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mandou recolher os produtos e a suspensão da comercialização. A ordem foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira.
Em nota, a Backer informou que “a substância não faz parte do processo de produção da cerveja belorizontina”. Mas que, “por precaução, os lotes em questão citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado”.
A Backer também afirma “estar à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação”.
“Doença misteriosa”
Ao todo, dez casos da síndrome não identificada foram notificados. A Secretaria de Saúde de Minas Gerais acionou o Ministério da Saúde no domingo (5) a respeito de casos graves de insuficiência renal aguda com alterações neurológicas, cujas causas ainda não foram identificadas.
Especialistas do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (Sistema Único de Saúde) chegaram a Belo Horizonte na terça-feira (7), para “colaborar com a investigação epidemiológica, confirmação diagnóstica, na busca e descrição dos casos, no levantamento e na análise de hipóteses sobre o modo de adoecimento para o desencadeamento de ações de prevenção e controle da doença”, de acordo com nota conjunta divulgada pelos dois órgãos.
De acordo com a Secretaria e o Ministério, os pacientes internados tiveram sintomas gastrointestinais (náusea, vômito e dor abdominal), associados a insuficiência renal aguda grave de evolução rápida (em até 72 horas). Ainda segundo esses órgãos, essas pessoas, na sequência, tiveram uma ou mais alterações neurológicas, como paralisia facial, vista borrada e cegueira total ou parcial.
Fonte: Uol
Créditos: Uol