O Ministério da Defesa e a cúpula das Forças Armadas subiram o tom nesta segunda-feira, 13, em uma segunda resposta ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que havia dito que o Exército “se associou” a um “genocídio” ao comentar o fato de a instituição ter assumido o comando do Ministério da Saúde durante o combate à Covid-19.
Em nota, os militares declaram “repudiar veementemente” a insinuação de Gilmar Mendes, feita no último sábado, dia 11, durante uma live, citando-o nominalmente – no primeiro posicionamento feito sobre o assunto, o nome do ministro não era mencionado.
“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”, diz o texto assinado pelos chefes da Defesa (Fernando Azevedo e Silva), Marinha (Ilques Barbosa Junior), Exército (Edson Pujol) e Aeronáutica (Antônio Bermudez).
Na primeira resposta, ainda no sábado, as Forças Armadas declararam que vinham “atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros” e frisaram que o contingente empenhado na contenção do coronavírus era maior que o da campanha militar brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Internamente, os militares consideraram a primeira nota muito leve e cobraram por um posicionamento mais firme da cúpula das Forças Armadas, o que se concretizou agora nesta segunda nota. No texto, o Ministério da Defesa ainda anunciou que encaminhará uma representação à Procuradoria-Geral da República para que sejam tomadas as “medidas cabíveis”.
Ainda no fim de semana, os militares esperavam uma retratação de Gilmar Mendes, que acabou não vindo. No domingo, dia 12, o ministro do STF escreveu no seu Twitter que tem “absoluto respeito e admiração pelas Forças Armadas”, mas que “não se furta em criticar a opção de ocupar o Ministério da Saúde predominantemente com militares”. “Que isso seja revisto para o bem das FAs e da saúde do Brasil”, completou.
Gilmar Mendes fez o comentário sobre o “genocídio” ao criticar o “vazio” no Ministério da Saúde, que é comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello. “Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. (…) É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso por fim nisso”, disse o ministro do STF.
O Ministério da Defesa e as Forças Armadas consideraram o uso do termo “genocídio” inadequado, frisando que o tipo penal do “crime gravíssimo” é “de pleno conhecimento de um jurista”. E ressaltaram que as instituições militares estão “completamente empenhadas justamente em preservar vidas”.
Fonte: Veja
Créditos: Veja