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Médico processa Netinho por acusação sobre tratamento com anabolizante e perde ação que pedia indenização

O cantor baiano Netinho, que enfrentou problemas de saúde com idas e vindas a hospitais nos últimos cinco anos, é réu de uma ação judicial que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) movida pelo médico Mohamad Barakat, de São Paulo.
O processo corre desde 2016, quando o cantor baiano divulgou nas redes sociais que foi acompanhado pelo médico por dois anos e que foi dele a recomendação para a utilização de anabolizantes.

Netinho afirmou recentemente, em uma publicação no Instagram, que teve a garantia do médico de que “nada daquilo iria me fazer mal e que iria corrigir minha deficiência em testosterona, pois tinha varicocele [dilatação de veias nos testículos que pode causar infertilidade]”. Após sofrer três acidentes vasculares cerebrais, perdido a voz algumas vezes e encarado a depressão, atribuiu o começo dos problemas ao uso dos anabolizantes.
A última movimentação no processo ocorreu no início deste mês, no dia 2 de março, quando o juiz substituto Manuel Eduardo Pedroso Barros, da 9ª vara Cível de Brasília, julgou que o cantor não precisará indenizar o médico por danos morais em função das denúncias nas redes sociais.
A decisão revogou uma liminar acatada pela juíza Grace Correa Pereira, também da 9ª Vara Cível de Brasília, em agosto de 2016, que proibiu o cantor de voltar a citar sem provas o nome do médico até que o processo fosse transitado em julgado. O não cumprimento resultaria em multa diária entre R$ 1 mil e R$ 50 mil.

Na nova decisão, o juiz Manuel Eduardo Pedroso Barros considerou que “proibir os réus de emitir qualquer juízo de expressão que macule a honra, imagem e reputação do autor nada mais é do que uma censura prévia, pois a avaliação do que é depreciativo ou não, passa, antes de tudo, por um juízo subjetivo de cada indivíduo”.
O juiz reiterou que “exigir que o réu comprove que seus problemas de saúde decorreram do tratamento a que foi submetido junto ao autor como condição para exercer sua liberdade de expressão, na prática, equivale a censura prévia”.
Após as justificativas, o magistrado concluiu que “não havendo ato ilícito por parte do réu Netinho, que se limitou a divulgar o ocorrido, não se encontram presentes os pressupostos necessários à caracterização do dever de indenizar”.
Netinho fala sobre o caso

Ao G1, o cantor Netinho disse que obteve do advogado o texto com a decisão na terça-feira (20). O artista disse que recebeu a informação com serenidade.
“Não surpreendeu. Fiquei feliz. Não menti em nada, nem estou mentindo quando cito essa história, que aconteceu na minha vida de 2010 a 2012. Entendo que é uma história assustadora, inacreditável até porque a gente nunca imagina que um médico possa fazer isso, nem enganar dizendo que é uma coisa e é outra”.

Netinho explicou que procurou o médico após uma indicação de uma amiga, que disse ele era melhor endocrinologista do país e que trabalhava com diversos artistas, sendo conhecido como “médico das estrelas”.
“Nunca usei anabolizante para ficar forte, tomar bomba. Sabia o que era anabolizante porque já malhava há 15 anos e quem convive em academia sabe de tudo, nomes, práticas. Mas fui a ele porque tinha varicocele. Fui operado aqui em Salvador e não deu certo. Meus médicos me disseram que, por causa da minha vida desgastante de shows, se eu não fizesse um tratamento hormonal, eu ficaria muito doente no futuro. Fui a ele e acreditei em tudo. Tudo que eu perguntei ele me garantiu que não faria mal”.

Fonte: G1
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