O ex-ministro da saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, aparece em um vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF), onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) diz a ministros que era necessário agir antes das eleições para que o Brasil não virasse “uma grande guerrilha“. A gravação é de uma reunião da alta cúpula do governo feita em 5 de julho de 2022.
O vídeo foi divulgado pela jornalista Bela Megale, do jornal O Globo. Queiroga é pré-candidato à Prefeitura de João Pessoa nas Eleições 2024.
O outro lado
Queiroga alega que não há nada de anormal no vídeo, que não contém nada que Bolsonaro já não tivesse afirmado publicamente.
“Não há nada nesse vídeo que o presidente Bolsonaro não tenha externado publicamente. Mesmo antes de ser eleito presidente da República ele defendeu o aprimoramento do processo eleitoral. Em outras oportunidades outros políticos, inclusive da esquerda, também defenderam aprimoramento do sistema”, disse o ex-ministro à CBN.
Provas da PF
A gravação é uma das peças que embasaram a operação da PF contra militares e ex-ministros suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de Estado.
A PF encontrou o vídeo no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, já homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo a PF, na reunião, o então presidente ordenou a disseminação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, disse.
As supostas fraudes eleitorais alegadas por Bolsonaro ao longo de quatro anos de mandato nunca existiram. A lisura do processo e a confiança no resultado foram reafirmadas por autoridades nacionais e internacionais, diversas vezes.
Em outro ponto da reunião, Bolsonaro propõe que os presentes participassem da redação de um documento que afirmasse ser impossível “definir a lisura das eleições” e incluísse elementos externos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto imp… e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes.”
Bolsonaro convoca ministros a agirem nas eleições
A partir de transcrições feitas pela Polícia Federal e incluídas no inquérito das milícias digitais, Bolsonaro afirma que Lula venceria as eleições e que as pesquisas estariam certas, “de acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE”.
Por outro lado, Bolsonaro diz no vídeo que o TSE cometeu um erro ao chamar as Forças Armadas para integrar a Comissão de Transparência das Eleições.
“Eles erraram [ao incluir as Forças Armadas]. Para nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?”, afirmou.
🇧🇷 Veja o vídeo da reunião que embasou a megaoperação de ontem contra Jair Bolsonaro, ex-ministros, ex-assessores e militares.
Furo da @BelaMegale, do O Globo.pic.twitter.com/ZKjQcIrnUs
— Eixo Político (@eixopolitico) February 9, 2024
Fonte: Paraíba Já
Créditos: Polêmica Paraíba