Marcados logo após o vazamento das primeiras mensagens do ministro Sergio Moro pelo site The Intercept Brasil, os atos de rua no domingo (30) em defesa do ex-ministro e da Operação Lava Jato ganharam impulso diante da análise do caso do ex-presidente Lula no STF (Supremo Tribunal Federal), nesta terça-feira (25).
Para organizadores das manifestações, a proposta do ministro Gilmar Mendes de soltar o petista imediatamente, que acabou derrotada na Segunda Turma da corte, foi mais um indicativo de que o combate à corrupção no país está sob ameaça.
Embora tenha mantido a prisão de Lula nesta terça, o STF voltará a analisar no segundo semestre o questionamento da defesa do ex-presidente —que aponta falta de imparcialidade de Moro na Lava Jato.
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“Estão querendo matar a gente do coração”, diz Adelaide Oliveira, coordenadora nacional do VPR (Vem pra Rua). “O caso do Lula mexe demais com as pessoas, que ficam mais ativas, percebem o que está acontecendo e sentem a necessidade de se manifestar.”
Edson Salomão, presidente do Direita SP, também afirma que a sessão no STF terá peso na adesão de manifestantes. “Esse tema esquentou os ânimos, todo mundo ficou em alerta. Acabou agitando o pessoal e mostra que a gente tem de continuar batendo. Não podemos descansar.”
Além de Moro e da Lava Jato, outras bandeiras serão agitadas pelas organizações que convocam os atos. Os grupos embutiram motes como a reforma da Previdência e o pacote anticrime na lista de temas a serem defendidos.
Depois do racha nos atos pró-governo de 26 de maio, os movimentos estão alinhados desta vez, embora tenham divergências sobre a prioridade dos temas. Basicamente, o que varia é o espaço que cada um acha que Moro deve ocupar nos discursos e faixas.
Vem pra Rua, MBL (Movimento Brasil Livre) e Nas Ruas —que atuaram como indutores das marchas pró-impeachment e têm capacidade de mobilizar gente— são os principais agitadores agora. Os dois primeiros não participaram do protesto anterior, o que rendeu a eles críticas de parte da direita.
O protagonismo na época acabou ficando com movimentos de rua não tão conhecidos, como Ativistas Independentes, Patriotas Lobos Brasil e Direita SP. Eles estão chamando novamente para as manifestações de domingo, e de novo se vê uma pulverização de pautas.
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Embora na última vez o governo tenha sido bem-sucedido na estratégia de dar aos atos o verniz de pró-Previdência, apareceu de tudo um pouco: ataques ao Congresso e ao STF, pressão pela abertura da CPI da Lava Toga, críticas ao centrão e pedidos de intervenção militar foram ouvidos entre os participantes.
O que une todos os movimentos agora é o desagravo a Moro, pressionado desde a divulgação, pelo Intercept, de mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato.
Para os líderes dos grupos, o ex-magistrado continua com a aura de herói ilibada. Eles questionam a forma como o material foi obtido e dizem que nada apagará o trabalho de combate à corrupção feito pela força-tarefa.
O VPR, que não aderiu ao ato em maio porque o considerava uma exaltação a Bolsonaro (e diz não defender políticos, mas apenas projetos), desta vez entrou de cabeça. Até esta terça-feira (25), contabilizava 145 cidades com protestos confirmados e 265 mil pessoas convidadas via redes sociais para as concentrações em todo o Brasil.
O legado de Moro, contudo, é só o terceiro item nos materiais de divulgação do VPR. A sequência nas imagens é “Previdência + anticrime + Lava Jato”, acrescida da frase “o Brasil não pode parar”.
É uma tentativa, segundo Adelaide, de reduzir o risco de a manifestação se resumir só ao apoio ao ministro. “Estamos com ele, mas nossas outras pautas estão muito claras. É um novo Brasil que a gente está defendendo”, afirma.
De acordo com a coordenadora, as reações nas páginas do VPR até agora indicam uma adesão proporcional aos três motes. “Os posts estão tendo engajamentos semelhantes”, diz Adelaide, destacando o ineditismo de “uma manifestação propositiva, que não é para derrubar nada, mas para construir algo”.
O Nas Ruas, que teve sua principal expoente, Carla Zambelli, eleita deputada federal pelo PSL no ano passado, faz coro com o VPR e anuncia a mobilização, oficialmente, como um ato em defesa da Previdência, do pacote anticrime, da Lava Jato e do ministro Moro (nesta ordem).
Aos poucos, contudo, o discurso está sendo adaptado para incorporar apoio explícito ao presidente. Texto sobre a manifestação publicado nesta terça na página do grupo no Facebook diz: “Você trabalhou, lutou e votou no Bolsonaro para mudarmos o Brasil. Mas, infelizmente não conseguirá fazer todas estas mudanças sozinho. Ele precisa de nossa ajuda. Dia 30 vamos às ruas dar o apoio que ele precisa”.
O slogan usado pelo Nas Ruas para espalhar os convites conclama: “Vamos às ruas ou eles vão parar o Brasil”.
Fonte: UOL
Créditos: UOL