De volta ao Senado após se isolar no interior do Espírito Santo, Magno Malta (PR-ES) negou estar frustrado por não ter sido escolhido para comandar um ministério no governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Um dos principais cabos eleitorais do presidente eleito, Malta foi de “vice dos sonhos”, quando Bolsonaro anunciava publicamente que o queria para o cargo, a alguém que ficou sem qualquer espaço na Esplanada dos Ministérios.
Nesta quarta-feira (5), em sua primeira aparição depois de o primeiro escalão do futuro governo estar praticamente completo, o senador estava arredio. Sem blazer, foi direto ao plenário, conversou com colegas e evitou os jornalistas o quanto pôde. Chegou a discursar, mas apenas falou contra “ativismo judiciário”. Concedeu entrevista andando durante os dois minutos e 38 segundos que levou até chegar a seu gabinete.
“Meu compromisso com Bolsonaro foi até o dia 28 [de outubro, data do segundo turno], às 19h30. Tínhamos um projeto de tirar o Brasil de um viés ideológico e nosso compromisso acabou dia 28. Bolsonaro não tem nenhum compromisso comigo”, afirmou o senador.
Apesar de não ter conseguido se reeleger para o Senado, Malta não se diz arrependido da atenção que dispensou à campanha presidencial.
“De jeito nenhum”, disse elevando o tom da voz. “Continuo lutando por ele, defendendo ele. Acredito nele, acredito no caráter dele. É o homem para o Brasil. Não me arrependo de nada. Faria tudo de novo. Não sou homem de frustração. Sou homem de luta e luto por aquilo que acredito”, afirmou, completando que “Deus levantou Bolsonaro. E pronto”.
Mais cedo, Bolsonaro disse que “a questão de um possível ministério [para Magno Malta], não achamos adequado no momento, mas ele pode estar do meu lado, sim, nunca foram fechadas as portas para ele”.
“Aí você tem que perguntar para ele”, reagiu irritado quando confrontado com a declaração do presidente eleito.
Questionado sobre como alguém, antes da eleição, é chamado de vice dos sonhos e, depois, fica sem nada, ele voltou a demonstrar irritação.
“Se você não está entendendo, você tem que procurar, deduzir. Não sou eu que vou responder para você. Entendo que ele é o presidente. Quem tem que montar o gabinete é ele”, respondeu.
O tratamento dispensado a Magno Malta foi visto com revolta por integrantes da bancada evangélica, grupo que, até o momento, não conseguiu emplacar nomes em nenhum ministério.
Mesmo assim, o senador diz não ver necessidade de que Bolsonaro se explique aos seus apoiadores.
“As coisas não dependem de mim, dependem de Deus. Não acho que ele deve explicar nada. Deve continuar como sempre foi.”
Uma assessora parlamentar de Malta, a pastora evangélica Damares Alves, é cotada para assumir o Ministério dos Direitos Humanos.
Bolsonaro conversou sobre a indicação com o deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), coordenador da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, no fim da semana passada. Quase uma semana depois, no entanto, não houve qualquer confirmação.
“Damares é uma mulher repleta, completa. Conhece as questões dos índios, das crianças, das drogas, de automutilação. Todas as bandeiras que eu defendo, ela sabe muito”, afirmou Malta, ressaltando que a assessora não foi indicação dele.
Encerrando a entrevista, seguiu pelo jardim que dá nos fundos de seu gabinete, acompanhado de assessores e do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ).
Fonte: Noticias ao minuto
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