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Maia sugere que Temer e PMDB conspiraram contra Dilma: “Não fiz com eles o que eles fizeram com ela”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), revelou sua mágoa com o PMDB, o núcleo político do Palácio do Planalto e o presidente Michel Temer. Em entrevista ao Valor Econômico, Maia diz que os peemedebistas desconfiam de que ele esteja conspirando contra Temer porque tiveram esse comportamento em relação à ex-presidente Dilma Rousseff até levá-la ao impeachment. Segundo ele, os rumores de que foi picado pela “mosca azul”, do poder, nasceram nos gabinetes e cafezinhos do núcleo duro do governo e cresceram com a tensão entre DEM e PMDB.

“Não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma. Talvez por isso essas mentiras criadas, para tentar criar um ambiente em que eu era o que não prestava e eles eram os que prestavam”, disse. “Como eles fizeram desse jeito com a Dilma, talvez imaginassem que o padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, em torno do presidente, comandaram o impeachment da presidente Dilma”, acrescentou.

Na entrevista aos repórteres Robinson Borges e Raphael Di Cunto, Maia não poupa seu sogro postiço, o ministro Moreira Franco, um dos auxiliares e amigos mais próximos de Temer. Também sugere que faltou fidelidade a ele e ao DEM por parte do próprio presidente, que lhe assegurou, em julho, que o PMDB não atravessaria as negociações de aliados de Maia pela filiação dos dissidentes do PSB que apoiam o governo.

“Desesperado, Michel pediu para jantar aqui comigo para esclarecer que era mentira (a tentativa de cooptação). O presidente do PMDB (Romero Jucá) ligou para o presidente do DEM (José Agripino Maia) para dizer que eles não tinham nenhum interesse nos parlamentares do PSB e o que estamos vendo é outra coisa. E o Romero (Jucá, presidente do PMDB e líder do governo no Senado), depois dessa denúncia, continuou fazendo a mesma coisa. A relação do PMDB com o DEM hoje é muito difícil”, afirmou.

“Como o presidente do PMDB e o próprio presidente da República falam uma coisa e o partido faz outra? E os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) vão à filiação do Fernando Coelho (senador que trocou o PSB pelo PMDB) respaldar aquilo que é uma posição do governo? Eles são muito corajosos”, ironizou.

Moreira Franco é sogro postiço de Rodrigo Maia. Patrícia Vasconcellos Torres, esposa de Maia, é filha do primeiro casamento da atual mulher de Moreira Franco. Mas a relação entre os dois políticos não é das mais pacíficas. “Quem aparece aqui desesperado quando eu tenho um problema com o governo é ele, tentando acalmar a relação. Acho muito ruim ele ter respaldado essa posição do PMDB. Na hora que ele vai no negócio (filiação) do Fernando (Bezerra), mostra que essa interlocução é para resolver um lado, o dele, e o do Michel. Não é para resolver os dois”, criticou.

Maia diz que atuará com neutralidade na condução do processo de análise do pedido de autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue nova denúncia contra o presidente, mas admite que o ânimo do DEM, que deu quase todos os seus votos em favor de Temer na votação da primeira denúncia, mudou em relação ao peemedebista.

Aos risos, segundo o Valor, o deputado contou que recebeu uma mensagem de sua mãe, a chilena Mariangeles Ibarra Maia, pedindo a ele que não conspirasse contra o Temer. Recado enviado em razão de notas, de acordo com ele infundadas”, de que poderia atuar para afastar o atual presidente: “Não sei o que aconteceu que ela gosta do presidente Michel Temer”. Ela estaria entre os 3,4% da população do país que aprovam o governo federal. “Mas como é chilena, então, coitada, nem pode contabilizar a favor”, provocou.

Créditos: Congresso em Foco