“O presidente Lula pertence ao meu passado. Estou olhando em frente”. Foi o que afirmou nesta sexta-feira o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a jornalistas ao ser perguntado sobre como via a redução de pena decidida nesta semana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve sua pena reduzida de 12 anos e um mês para oito anos e dez meses, no caso do tríplex do Guarujá (SP), o que abriu a possibilidade de ele passar para o regime semiaberto em setembro.
Quando ainda era juiz, Moro havia condenado Lula em primeira instância a nove anos e meio. Em entrevista coletiva em Belo Horizonte, Moro afirmou que as cortes judiciais agem de forma independente e que juízes tendem a ter opiniões distintas sobre a dosimetria de penas. “Se reunir dez juízes numa sala, provavelmente cada um vai ter uma pena diferente.”
Antes da entrevista, ele fez palestra a empresários e arrancou risos da plateia ao falar sobre o grande número de militares no governo. Disse que sendo civil, ele ainda não se habituou aos códigos de comunicação dos militares. Afirmou que, quando um membro da Infantaria, por exemplo, o cumprimenta, o faz com o brado “Selva”. Moro diz que, como ex-juiz, tenta pensar numa palavra que combine com sua formação: “Fico pensando o que eu devo falar: caneta, caneta”.
Moro defendeu ainda a manutenção do Coaf como parte da estrutura do ministério que ele comanda. O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última quinta-feira não ver problema em o órgão retornar para o Ministério da Economia, onde estava até antes do início do governo.
Moro afirmou que a transferência do Coaf para a Justiça foi oferecida a ele quando do convite para que ele integrasse o governo. Negou que a mudança seria uma exigência sua para aceitar o ministério. “No fundo, eu nunca pedi”, disse Moro, afirmando que foi criado uma certa “lenda urbana” sobre a transferência do Coaf para a Justiça.
“Me foi oferecido e eu entendi que era oportuno”, disse o ministro. Moro afirmou ainda que tem adotado medidas para ampliar o quadro de servidores que atuam no Coaf e que o órgão reforça investigações contra lavagem de dinheiro e outros crimes. Para ele, o Ministério da Economia tem outras prioridades, a principal delas a reforma da Previdência.
Fonte: Valor Economico
Créditos: Marcos de Moura e Souza