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Lula inicia governo com popularidade maior que antecessores, mas sem quebrar próprio recorde

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou aos 100 dias, nessa segunda (10/4), com 38% de aprovação entre os brasileiros, segundo levantamento do Datafolha. Apesar de registrar um início melhor que os seus antecessores, o petista não supera a popularidade que sua própria gestão contava em 2007, quando tinha 48% de aprovação.

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou aos 100 dias, nessa segunda (10/4), com 38% de aprovação entre os brasileiros, segundo levantamento do Datafolha. Apesar de registrar um início melhor que os seus antecessores, o petista não supera a popularidade que sua própria gestão contava em 2007, quando tinha 48% de aprovação.

Os dados são de pesquisas do instituto Datafolha. A mais recente foi feita entre os dias 29 e 30 de março, com 2.028 pessoas, em todo o Brasil. O portal considerou os levantamentos realizados no período mais próximo ao marco de 100 dias de governo desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 1995 a 1998.

O levantamento divulgado em março aponta ainda que 30% dos brasileiros consideram a gestão de Lula como regular. O índice de reprovação do governo petista ficou no patamar de 29%, marca semelhante à de Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período analisado.

Em comparação com os outros dois mandatos, o petista teve a maior rejeição neste ano. No mesmo período em 2003, Lula era aprovado por 43% e reprovado por 10%. Já em 2007, 48% dos consultados avaliavam a gestão positivamente, enquanto outros 14% acreditavam que o governo era ruim ou péssimo.

Segundo professor Glauco Peres, do departamento de ciências políticas da Universidade de São Paulo (USP), fatores como otimismo diante de reeleição e estabilidade econômica da época contribuem para as avaliações de governo positivas, especialmente, no pico de popularidade do petista, em 2007.

“Em comparação com 2023, são momentos muito diferentes. Em 2007, ele pode aproveitar o fato da própria reeleição, e condições mais favoráveis, ainda que ele na época tivesse que lidar com questões de corrupção que vem deteriorando a imagem dele”, frisa o especialista.
“Com a vitória em uma eleição, o político ganha bastante fôlego para implementar políticas de campanha, principalmente, e aproveitar um momento de euforia, um novo governo. Os cidadãos costumam olhar para uma nova gestão com otimismo, e disposição para acreditar no que vem. Esse é, inclusive, o momento de implementar agendas mais controversas, pautas mais polêmicas, por conta desse otimismo”, completa.

Apesar do cenário extremamente polarizado e marcado pela interferência das redes sociais, a possibilidade de que um futuro mandatário ultrapasse os índices de popularidade mais altos não deve ser descartada. “A gente tem um histórico muito curto para dizer que se as condições mudarem, nenhum presidente vai conseguir isso de novo”, pondera.

Veja na tabela abaixo a avaliação das gestões de cada presidente brasileiro:

Foto: reprodução / Metrópoles

Já Rodolfo Tamanaha, professor de Ciências Políticas do Ibmec Brasília, explica que um dos fatores também no contexto das avaliações, é o quanto os eleitores têm capacidade de lembrar dos fatos feitos ou não feitos, em eventuais mandatos passados ou de promessas eleitorais.

“No poder Executivo, tudo é mais claro. Essa avaliação, historicamente, ela costuma ser mais dura. Então, normalmente, aquele candidato que tem 45% de intenção de voto na campanha, cai pra 30%, trinta e poucos. Isso mostra uma avaliação mais criteriosa por parte da população, em que ela avalia aquilo que foi anunciado como plataforma de candidatura vis a vis com aquilo que foi aquilo que foi concretizado nos primeiros cem dias”, explica.

“No governo atual, Lula teve nesses primeiros 100 dias, um índice de aprovação um pouquinho maior do que o Bolsonaro, mas que mostra então, realmente, que mesmo o Lula tendo aquela popularidade que historicamente ele teve, ele encontra uma avaliação da população mais dura e mais exigente”, salienta o especialista.

Veja detalhadamente as avaliações de cada presidente:

Bolsonaro

Em meados da primeira semana de abril de 2019, quando o recém-eleito governo completava 100 dias, o Datafolha indicou que Jair Bolsonaro (PL) registrava o pior desempenho entre presidentes em primeiro mandato desde a redemocratização do país, em 1985.

Na época, o levantamento mostrou que 30% dos entrevistados consideraram o governo péssimo ou ruim nos primeiros meses de gestão, enquanto 33% disseram que foi regular e 32% afirmaram que foi ótimo ou bom. Enquanto 4% não souberam responder.

Já em relação ao que já havia sido feito nos primeiros dias de governo, 61% disseram que Bolsonaro fez menos do que esperavam. Outros 22% argumentaram que ele fez o esperado e 13%, mais do que o esperado.

O Datafolha ouviu, à época, 2.086 pessoas com mais de 16 anos, em 130 municípios do país, nos dias 2 e 3 de abril de 2019. A margem de erro foi de dois pontos para mais ou para menos.

Temer

Como é sabido, o caso de Michel Temer (MDB) foi atípico, uma vez que além de assumir a Presidência de supetão, em decorrência do impeachment de Dilma Rousseff (PT), ele foi acusado de arquitetar um golpe para tirar a então presidente do país.

Vice de Dilma desde o primeiro governo da petista, Temer assumiu o comando do país faltando pouco mais de dois anos para o fim do mandato, o que já lhe proporcionou um desgaste diante da opinião pública.

Nos 100 primeiros dias de governo, o Datafolha apontou que 71% dos entrevistados consideraram o governo de Temer, até ali, ruim ou péssimo. Outros 23% acharam regular e 5%, ótimo ou bom. Outro 1% disse não saber. O instituto fez 2.765 entrevistas entre 29 e 30 de novembro de 2017, em 192 cidades. A margem de erro foi de dois pontos para mais ou para menos.

Dilma

Presidente por dois mandatos e protagonista de um impeachment, a ex-presidente Dilma passou de 2011 a 2016 no comando do país. Após desgaste político, uma votação na Câmara dos Deputados, com 367 votos favoráveis e 137 contrários à saída da petista, pôs fim ao mandato.

Nos primeiros meses de 2011, prestes a completar 100 dias de governo, Dilma tinha popularidade entre quase metade da população. O Datafolha, à época, escutou 3.767 pessoas, entre os dias 15 e 16 de março de 2011, com resultados de margem de erro de dois pontos percentuais.

Cerca de 47% das pessoas avaliaram o governo como bom ou muito bom. Outros 34% disseram que estava regular e 7% dos entrevistados qualificaram a gestão de Dilma como ruim ou péssima. Já 12% dos entrevistados não souberam responder.

Em meados de fevereiro de 2014, em meio ao escândalo da Petrobras, Dilma viu sua popularidade despencar, em comparação com os últimos meses do primeiro mandato. Pesquisa Datafolha daquela época indicou que de 42% avaliações de um governo bom ou ótimo em dezembro, o número caiu para 23% já em fevereiro.

O número de pessoas que classificaram o governo como ruim ou péssimo subiram de 24% para 44%. O número dos que acham a administração petista regular permaneceu em 33%. Aquela avaliação ouviu 4 mil pessoas, em 188 municípios brasileiros entre os dias 3 e 5 de fevereiro de 2015. A margem de erro foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Lula

Eleito pela primeira vez em 2003, Lula teve 43% de aprovação nos 100 primeiros dias de governo, segundo o instituto de pesquisa. Esse percentual refletiu à quantidade de pessoas que avaliaram o governo até ali como ótima ou boa. Para 40% dos entrevistados, o governo estava regular, e para 43% , ruim ou péssimo.

A pesquisa ouviu 5.729 pessoas em 229 municípios entre os dias 31 de março e 1º de abril de 2003. A margem de erro do levantamento foi de pontos percentuais para mais ou para menos.

No segundo mandato, o ex-presidente teve 48% de avaliações positivas sobre a gestão, enquanto outros 14% acreditavam que o governo era ruim ou péssimo. Para o levantamento do segundo mandato, o Datafolha consultou 5,7 mil brasileiros nos dias 19 e 20 de março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fernando Henrique Cardoso

Assim como Lula, que viria tomar o lugar de FHC alguns anos depois, no início do primeiro mandato, Cardoso obteve uma avaliação positiva nos primeiros meses de mandato. O primeiro levantamento do instituto, realizado em março de 1995, aponta um índice de 39% de aprovação dos brasileiros que consideram a gestão ótima ou boa. Outros 40% classificaram o governo regular, ante 16% que avaliaram como ruim ou péssimo.

Na primeira avaliação da gestão, foram consultadas 3.044 pessoas, em 122 municípios do Brasil. A margem de erro desta pesquisa foi de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os dois mandatos de Fernando Henrique, no entanto, tiveram picos de popularidade. Ao assumir o segundo mandato, em 1999, o ex-presidente teve uma queda brusca nos índices de avaliação positiva dos cidadãos e assumiu o ponto mais baixo desde que ele chegou à cadeira da Presidência, em janeiro de 1995.

Pela primeira vez, a rejeição nacional ao titular do Planalto à época superou a aprovação, quando 36% acharam o desempenho de FHC ruim ou péssimo, ante 21% que o consideravam bom ou ótimo. Outros 39% classificaram a gestão como regular.

Foram entrevistadas 2.076 pessoas com 16 anos ou mais de idade, entre 4 e 5 de fevereiro de 1999. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba