“O PSB pode ter uma candidata a presidente da República que é muito interessante, que é a Luiza Trajano’, declarou na semana passada o deputado Luiz Romanelli (PSB-PR) a um blog do site Metrópoles, de Brasília.
“Nem sei se eu podia falar isso aqui”, emendou o parlamentar, queimando a largada na articulação de bastidores para convencer a fundadora e dona do Magazine Luiza a entrar na disputa eleitoral de 2022. Há alguns meses, a empresária começou a ser assediada por líderes partidários para participar de composições de chapa para disputa à Presidência. Pelo menos três legendas – PT, PSDB e PSB –, além de movimentos políticos como Agora e Acredito, já enviaram emissários para discutir o assunto com a ela.
Nas conversas, por ora, Luiza tem se mantido enigmática e um tanto arredia. Quando não rejeita o convite de cara, hesita. Diz que prefere ajudar o país de outras formas e se exaspera com o fato de as constantes negativas de que vá se candidatar não encerrarem o debate público em torno de seu nome.
Acontece que, na política, nem sempre é possível controlar tudo o que se diz a nosso respeito. Se as especulações não cessam, é porque não falta, tanto no meio político como no empresarial, quem esteja em busca de uma alternativa viável para escapar à reedição da disputa de 2018 entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad (ou Lula).
E também porque, vez por outra, o nome de Luiza surge de forma espontânea em pesquisas de opinião encomendadas por partidos e empresas para sondar o humor dos brasileiros sobre a próxima eleição.
Numa das mais recentes, que aterrissou na mesa de uma figura importante do mercado financeiro no início de fevereiro, ela era o terceiro nome mais citado quando se perguntava quem o entrevistado queria ver na Presidência do Brasil. Luiza aparecia com 10,4% das menções, superando Luciano Huck (9,3%), Fernando Haddad (5,6%), João Doria (5,5%) e Sergio Moro (5,2%).
Só Lula (26%) e Bolsonaro (24,5%) foram mais lembrados pelos eleitores do que a dona do Magalu. A pesquisa assanhou o empresariado desiludido com o liberalismo cloroquina de Paulo Guedes e levou a uma nova onda de pedidos para que Luiza se candidate.
Como se não bastassem esses números, pesa a favor de Luiza um diagnóstico comum entre esses interlocutores que a assediam: a empresária fala a “língua do povo” e seria mais difícil derrubá-la com discurso de ódio do que se o candidato fosse Sergio Moro, João Doria, Ciro Gomes ou Luciano Huck. Num cenário em que Bolsonaro mantém índices de popularidade estáveis, apesar de todas as barbaridades que perpetua, e em que o antipetismo ainda é forte, tal característica não é irrelevante.
O brasileiro médio se considera apolítico, da mesma forma que Luiza se diz “apartidária”. Nas pesquisas de opinião, metade do eleitorado diz não querer nem Lula nem Bolsonaro. É esse o público que todos os outros partidos e pré-candidatos estão buscando conquistar. Como em toda eleição em que o presidente de turno disputa mais um mandato, a de 2022 será, antes de tudo, um plebiscito sobre a gestão Bolsonaro. Mas não só. Assumindo (e torcendo para) que tenhamos controlado pelo menos em parte a pandemia, será também uma escolha em torno de quem melhor poderá consertar o estrago econômico provocado pela forma como estamos lidando com a crise.
Enquanto essas forças que vagam entre o petismo e o bolsonarismo não tiverem embarcado numa candidatura que considerem competitiva, Luiza Trajano pode até querer, mas não conseguirá parar o falatório em torno de seu nome. A insistência será tanta que periga ela até se convencer de que vale a pena disputar a eleição.
Fonte: https://ricardoantunes.com.br/
Créditos: Polêmica Paraíba