A informação foi revelada neste sábado (28) pelo jornal O Globo e confirmada à Folha pelo advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha a família da menina.
Mondego disse que o motorista da kombi não foi orientado sobre o que fazer. Ele lavou o local onde Ágatha estava, que ficou sujo de sangue.
Laudo do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) afirmou que não poderia determinar se o projétil que atingiu a menina partiu das armas de policiais militares porque apenas um fragmento deformado da bala foi encontrado no corpo da vítima. Ele consiste em um núcleo de chumbo endurecido, sem seu revestimento metálico, pesando 4,5 gramas e medindo até 21,55 mm de comprimento.
Os peritos afirmaram apenas que o fragmento era compatível com o usado em fuzis —arma utilizada por policiais momentos antes de Ágatha ser atingida.
Mondego não soube dizer se há possibilidade do outro fragmento estar na kombi. Ele afirma que a informação inicial que recebeu de legistas é que o projétil não atravessou o corpo de Ágatha.
“Houve uma falta de orientação ao motorista. Um delegado da Divisão de Homicídio nos procurou no sábado a tarde no IML [Instituto Médico Legal] para ajudar a localizar a kombi. Em menos de duas horas ela estava à disposição da polícia”, disse o advogado.
Procurada, a Polícia Civil não respondeu ao contato da reportagem.
Ágatha foi baleada no dia 20 quando estava dentro de uma kombi com a mãe.
Ela foi atingida nas costas após policiais dispararem, segundo testemunhas, contra dois motociclistas sem camisa que passaram em alta velocidade ao lado da van.
A Polícia Militar afirmou que seus agentes dispararam após serem atacados por criminosos. A família da menina nega com veemência a versão de que houvesse tiroteio. Afirmam que ouviram dois disparos isolados.
Três policiais reconheceram ter disparado com seus fuzis, apreendidos pela Polícia Civil para perícia.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo