CONFIRA

Irmã de médico executado, deputada Sâmia Bomfim foi ameaçada de morte em agosto e denunciou e-mails com ameaças a ela e familiares

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), cujo irmão médico foi assassinado com características de execução em um quiosque no Rio na madrugada desta quinta-feira, denunciou em entrevista à escritora Tati Bernardi três meses atrás, em julho, que recebe por e-mail recorrentes ameaças de morte a ela e seus familiares, com “requintes de crueldade”.

“As ameaças que eu recebo são direcionadas a meu filho. Atinge num lugar que não é racional, a gente fica maluca, mesmo. Mas eu tento racionalizar, porque o medo é a arma deles”, disse Sâmia. “Recebo e-mails uma vez por mês, a cada quinze dias, com ofensas horrorosas dizendo que vão me matar e matar minha família das formas mais horríveis e sempre com requintes de crueldade. Dá para investigar, mas depende de vontade política, que nunca teve e agora tem”, declarou.

Não foi a primeira vez que Sâmia mencionava ameaças. Em agosto do ano passado, uma ameaça recebida por e-mail citava seu filho com o também deputado Glauber Braga, Hugo, então com 1 ano de idade. “Acha que vai continuar exercendo este cargo de deputada federal até 2023? Nana-nina-não, sua vadia. Vamos te amarrar e te estuprar na frente de seu filho”, dizia 0 e-mail, que terminava fazendo uma alusão nazista, segundo a deputada. A deputada chegou a fazer boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo.

“Conversei com minha equipe e decidi fazer um boletim de ocorrência no dia seguinte. Cheguei a pensar em não divulgar. Mas refleti que, mesmo não sendo a primeira ameaça, foi a mais grave e perversa. Muito semelhante às que foram dirigidas a Manuela Dávila e Duda Salabert”, publicou Sâmia na época.

Em março de 2023, a deputada informou ter sofrido novas ameaças de morte por ocasião do Dia Internacional da Mulher. As ameaças incluiam xingamentos misóginos e também mencionavam seu marido, Glauber, e mais uma vez o filho do casal. Sâmia anunciou que iria pedir ao ministro da Justiça, Flávio Dino, a criação de um departamento na Polícia Federal dedicado ao combate à violência política de gênero.

“Recebo e-mails a cada quinze dias com ofensas horrorosas, dizendo que vão me matar e matar minha família das formas mais horríveis e sempre com requintes de crueldade”, contou Sâmia à escritora Tati Bernardi em entrevista dois meses atrás
“A violência política de gênero tem sido cada vez mais corriqueira, mas o Estado tem falhado no acolhimento e encaminhamento das denúncias e na busca por respostas e proteção das vítimas. O governo Bolsonaro não só ignorava como estimulava a prática, pois bolsonaristas praticam violência política de gênero contra adversárias políticas, nas redes sociais e na tribuna”, disse Sâmia à Folha de S.Paulo.”Precisamos construir novos marcos e protocolos para lidar com crimes assim e proteger a democracia, o direito à participação política das mulheres, sobretudo negras e LGBTQIA+.”

Em agosto deste ano, mês da celebração do Orgulho Lésbico, houve uma ação coordenada em todo o país com ameaças a parlamentares de esquerda que defendem os direitos LGBTs, entre os dias 8 e 22. Sete parlamentares receberam ameaça de “estupro corretivo”: as deputadas federais Daiana Santos (PCdoB-RS), Duda Salabert e Dandara Tonantzin (PT-MG), as estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Bella Gonçalves (PSOL-MG) e as vereadoras do PSOL Iza Lourença (MG), Luana Alves (SP), Mônica Benício (RJ) e Cida Falabella (MG).

 

Fonte: Polêmica Paraíba com Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba