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Investimentos do Governo Federal com saúde diminuíram em 2017

Os investimentos federais em obras e equipamentos realizados pelo Ministério da Saúde foram, em 2017, os menores desde 2010, aponta levantamento da ONG Contas Abertas.

Investimentos do Governo Federal com saúde diminuíram em 2017

Os investimentos federais em obras e equipamentos realizados pelo Ministério da Saúde foram, em 2017, os menores desde 2010, aponta levantamento da ONG Contas Abertas. O orçamento geral da pasta também sofreu retração no ano passado, de acordo com a pesquisa.

O levantamento indica que, em 2017, R$ 2,9 bilhões foram investidos pela Saúde, o que representa apenas 35,8% dos R$ 8,2 bilhões autorizados no Orçamento para o ano passado. Um ano antes, em 2016, as aplicações somaram R$ 5,1 bilhões, quase 73% do planejado para o período.

A ONG considera nesse cálculo todas as despesas que contribuem para a formação ou aquisição de um bem físico, como ampliação, construção, conclusão de obra ou compra de equipamentos. A análise se baseou em dados do Sistema Integrado de Administração Federal (Siafi) e estão em valores constantes, isto é, atualizados pelo IPCA do período.

Os números mostram que a retração também aconteceu no orçamento geral do Ministério da Saúde. Para despesas com pessoal e encargos sociais e despesas correntes, os valores desembolsados somaram R$ 115,8 bilhões, o menor desde 2014. O montante representa 89,3% do orçamento total destinado para a Pasta em 2017.

Na avaliação do secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco, a tendência de cortes preocupa. “É lamentável que o ajuste fiscal esteja ocorrendo em detrimento dos investimentos em saúde”, afirma Castello Branco, que destaca que a Constituição brasileira garante que todo cidadão tem direito à saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os recursos públicos destinados à área vêm sendo insuficientes para cumprir a promessa constitucional, também porque, graças à tendência da judicialização, cidadãos com bons advogados conseguem obrigar o SUS a bancar tratamentos caros”, afirma o especialista.

Para 2018, o orçamento global está maior: R$ 130,8 bilhões, contra R$ 115,5 bilhões do ano passado. Os investimentos, no entanto, devem continuar em queda. Apenas R$ 5,4 bilhões foram autorizados para este ano.

O levantamento do Contas Abertas acrescenta ainda que, em 2014, segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil gastou US$ 947,40 para custear a saúde de cada cidadão durante o ano todo. Menos da metade desse valor – 46% – foi financiado pela esfera pública. Os outros 54% correspondem a gasto privado.

Em nota divulgada pela ONG, o Ministério da Saúde afirma adotar uma gestão austera para o melhor planejamento do gasto público e a expansão dos serviços à população. Diz também que os recursos destinados especificamente para a rubrica Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASP) cresceu mais de 86% entre 2010 e 2017, passando de R$ 61,9 bilhões para R$ 115,3 milhões, considerando valores empenhados ano passado. E que, em dois anos, os recursos destinados nesta rubrica foram ampliados em 95%, passando de R$ 3,4 bilhões em 2015 para R$ 6,6 bilhões em 2017. Este cálculo diz respeito aos valores empenhados no Grupo de Natureza de Despesa 4, exclusivamente no que se refere a investimentos (obras e compra de equipamentos e materiais permanentes, alega o ministério).

“Cabe esclarecer que a natureza de cerca de 80% das despesas do Ministério da Saúde é de custeio (GND 3). Estão incluídos em gastos de custeio, por exemplo, os recursos que pagam as equipes de Saúde da Família, os medicamentos ofertados nas farmácias populares e a manutenção do funcionamento das unidades de saúde, com compra de vacinas para o calendário de rotina e campanhas, além de insumos básicos para atender à população”, explica.

Fonte: Valor Econômico
Créditos: Ligia Guimarães