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INDISPENSÁVEL AO CALENDÁRIO: Dia da Consciência Negra e o sonho da igualdade racial

Em 2011, a Lei nº 12.519 instituiu que em todo 20 de novembro seria celebrado o Dia da Consciência Negra, também conhecido como Dia Nacional de Zumbi. A data relembra a luta dos povos negros no Brasil, último país da América a abolir a escravidão, em 1822.

Pesquisadores da Rede de Historiadores Negros resgatam a memória do 20 de novembro, data dedicada ao Dia Nacional da Consciência Negra. A considerar a primeira vez na qual a data foi lembrada pelo Movimento Negro, o Dia da Consciência Negra completa 50 anos neste novembro de 2021.

“Mas por que a escolha do dia 20?”, muitos questionam. Há duas justificativas para essa pergunta. Primeiro, porque foi quando Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto em 1695. A data foi descoberta por historiadores nos anos 70, com base em documentos encontrados. Foi quando, em meio àquele contexto apresentado no primeiro parágrafo, o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial elegeu a figura de Zumbi como símbolo de resistência dos negros escravizados, da luta dos povos afro-brasileiros e do antissegregacionismo racial, durante um congresso realizado em 1978.

A demora para a institucionalização tem a ver com as condições políticas na década de 1970, uma vez que o país estava na ditadura militar. Mesmo com toda repressão, ativistas negros realizavam essas discussões referentes às questões étnico-raciais. No período de redemocratização, eles conseguiram ampliar a discussão, participando inclusive da Assembleia Constituinte para a elaboração da constituição de 1988.

Quem foi Zumbi dos Palmares?
Pouca coisa sabe-se sobre a figura. De fato, historiadores conseguem afirmar que Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares, localizado entre Alagoas e Pernambuco, conhecido por ser o maior quilombo brasileiro que existiu durante o período colonial, chegando a abrigar cerca de 20 mil habitantes. Ele foi destruído em 1694, pelos portugueses.

Há uma versão da história apresentada pelo jornalista Décio Freitas, que em 1984 publicou o livro Palmares, a Guerra dos Escravos. Ele conta que Zumbi nasceu em Palmares, mas foi sequestrado quando criança e criado por um padre. Quando jovem, durante a adolescência, ele teria descoberto tudo, fugido para Palmares e protegido o quilombo dos bandeirantes. O problema é que apenas o jornalista teve acesso aos documentos que o levaram a escrever tal obra. Portanto, historiadores a consideram uma possível versão de quem Zumbi pode ter sido, mas não uma verdade absoluta. Até porque muita coisa foi inventada sobre a figura, muitas vezes por interesse político, a fim de compactuar com a escravidão e manchar a história dos povos negros.

Zumbi teria chefiado Palmares entre 1678 e 1695, quando foi morto pelos portugueses, liderados então pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, após uma das maiores e mais importantes resistências quilombolas do Brasil.

A relevância da data
Dizer que não existe racismo no Brasil é ignorar a própria realidade do país. Para se ter uma ideia, dá para usar como exemplo algo envolvendo o próprio Dia da Consciência Negra, que não é um feriado nacional. Hoje, ele é comemorado em cinco dos 26 estados e em pouco mais de mil cidades. O país tem, no total, 5.570 municípios. Há em curso em projeto que pretende nacionalizar a data, aprovado em 23 de agosto deste ano no Senado, mas que ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados. A última atualização com relação a ele é de 22 de setembro.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba