O Museu Nacional, a mais antiga instituição científica brasileira e o museu mais antigo do país, foi tomada por um incêndio de grandes proporções na noite deste domingo. As chamas começaram por volta de 19h30, quando o prédio histórico, na zona norte do Rio de Janeiro, já havia sido fechado para o público. As imagens aéreas mostram o edifício completamente tomado pelas chamas e a dificuldade dos bombeiros de controlá-las. Já há setores do prédio sem qualquer cobertura de telhado.
Segundo a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros afirmou ao site G1, não há feridos. Havia apenas quatro vigilantes no local na hora do início do incêndio e eles conseguiram escapar.
O prédio foi criado por D. João VI e completou 200 anos em 2018. O edifício, que é tombado pelo patrimônio histórico, foi residência da família Real e tem uma ampla estrutura feita de madeira, o que facilita com que as chamas se espalhem.
Calcula-se que o acervo tenha cerca de 20 milhões de itens. Entre os destaques estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de “Luzia”, com cerca de 11.000 anos. Até este momento não é possível saber qual o dano provocado pelas chamas, mas, segundo um funcionário da instituição disse a GloboNews, toda a área de exposição do museu foi atingida. “É um trabalho de anos, de 200 anos, muita gente que se foi deixou seu trabalho aí”, lamentou ele.
A instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vinha sofrendo com os cortes orçamentários há pelo menos três anos. Alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da universidade, que atuam no Museu, chegaram a criar memes em que ironizavam os cortes, quando, na época, a previsão era a de que só receberia 25% da verba prevista para pesquisa. Neste mesmo ano, o museu chegou a ficar fechado por dez dias após uma greve de funcionários da limpeza que reclamavam salários atrasados.
Em entrevista à GloboNews, o ministro Sérgio Sá Leitão, afirmou que o ocorrido é parte de “processo de negligência de anos anteriores” e que isso “sirva de alerta para que não aconteça em outros museus”. “Medidas que poderiam ter sido tomadas anteriormente não foram tomadas”, destacou ele, que disse que foi feito um projeto para a revitalização do prédio e os recursos foram levantados, “mas não deu tempo de evitar a tragédia”.
Outros incêndios
O incêndio ocorrido no Museu Nacional lembra o que houve em 2015 no Museu da língua Portuguesa, que também acabou em chamas quando estava fechado.
Fonte: El País
Créditos: El Pais