
O deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara dos Deputados, ficou irritado durante reunião de líderes ocorrida ontem, 13.mar.2025. Conforme participantes que falaram ao “Poder360”, Motta atritou-se com parlamentares, incluindo a líder do Psol, Talíria Petrone (RJ), em relação à votação de urgência de projetos da bancada feminina. Deputados presentes à reunião informaram que o presidente do Legislativo chegou a bater na mesa e pelo menos um dos congressistas revelou que pretende sugerir a Hugo Motta que peça desculpas a Talíria.
Ao assumir a presidência da Câmara, o deputado paraibano deixou claro o compromisso de evitar votações em regime de urgência quando a proposta pode ser analisada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas. Esse dispositivo foi amplamente utilizado durante a gestão do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL), a quem Motta sucedeu. A cada mês de março, a Câmara discute projetos voltados à defesa dos direitos das mulheres. A deputada Iza Arruda, do MDB-PE, que representava a bancada feminina na reunião, apresentou uma lista com 11 propostas consideradas consensuais para apreciação.
Ao analisar os itens, o presidente Hugo Motta destacou que apenas cinco tinham relatórios apresentados em comissões, conforme depoimentos de participantes. Para o congressista, não faria sentido votar as outras seis em regime de urgência, uma vez que ainda não haviam sido analisadas pelos colegiados. Talíria e outros integrantes da bancada feminina alegaram que, como as comissões ainda não foram instaladas, não houve tempo para a elaboração dos pareceres. Os congressistas iriam decidir ontem quais partidos comandarão cada comissão, mas, diante de um novo impasse, Motta deseja que os líderes já apresentem os nomes dos presidentes na próxima semana.
Diante da insistência pelas urgências, o paraibano disse que se fosse para votar sem parecer, não haveria motivo para a existência das comissões. Alguns líderes defenderam o presidente da Câmara, pois evitar esse tipo de tramitação era um compromisso firmado por todos os líderes. Um deles afirmou que não foi só isso e que também houve insistência em pautar urgências. “Havíamos combinado que o processo não seria mais assim. As urgências tiram a importância das comissões temáticas e as matérias não são devidamente amadurecidas para uma votação em plenário”, explicou o informante. Esta não foi a primeira vez que Motta enfureceu-se na Câmara. No dia 19 de fevereiro, o deputado deu uma bronca em colegas do PL e do PT durante sessão no plenário. No momento do embate entre os congressistas dos dois partidos, a deputada Delegada Katarina, do PSD-SE, terceira-secretária da Mesa Diretora, presidia a sessão. Katarina suspendeu o encontro para acalmar os ânimos na Casa Baixa e Motta retornou à presidência do plenário, pediu desculpas para a congressista em nome da Casa e deu a bronca.
Foi quando afirmou: “Entendo o ambiente turbulento político que o país enfrenta diante dos últimos acontecimentos mas quero dizer a vossas excelências. Se vossas excelências estão confundindo esse presidente com uma pessoa paciente, serena, como presidente frouxo, vocês ainda não me conhecem. Ou esse plenário se dignifica de estar aqui representando o povo brasileiro ou nós não merecemos estar aqui. Aqui não é jardim de infância nem muito menos o lugar para espetacularização que denigre a imagem dessa Casa, eu não aceitarei esse tipo de comportamento”.
Nonato Guedes