Circulou em vários edifícios de Brasília, nesta quarta-feira (28), uma carta assinada por 133 médicos brasileiros questionando a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19, por duvidar da sua eficácia no combate à pandemia. O manifesto foi entregue aos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal).
O problema é que, segundo uma matéria da Folha de São Paulo, ao menos 9 das 133 assinaturas não contavam com a devida autorização dos citados.
Um desses nomes é inclusive de um colunista da Folha, Esper Kallás, que também é infectologista e professor da USP (Universidade de São Paulo). Também foram incluídos a sua revelia a epidemiologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Rivas, o infectologista Renato Kfouri, o diretor do laboratório de imunologia do Incor, Jorge Kalil, o virologista da USP Paolo Zanotto, o também virologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Ricardo Galler, entre outros.
A carta pede a revogação da lei 13.979/2020, que impõe a obrigatoriedade da vacinação no Brasil, e que foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro – quando o país registrava seus primeiros casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
A iniciativa é de um grupo de médicos com uma característica em comum: são defensores do uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, mesmo sem comprovação de sua eficácia e apesar dos estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmarem que o remédio não funciona contra a doença. Agora, eles alegam desconfiar da falta de informação a respeito da eficácia das vacinas recentemente anunciadas, algo que não parecia ser um problema no caso da hidroxicloroquina.
Entre esses nomes estão o da médica Nise Yamaguchi – que chegou a ser afastada do Hospital Israelita Albert Einstein por comparar o medo do coronavírus com o Holocausto, e depois especulada como possível ministra da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, de quem é seguidora confessa –, o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e a psiquiatra Akemi Scarlet Shiba.
Segundo a matéria da Folha, Shiba teria sido a principal responsável pela inclusão dos nomes sem autorização. Ela teria enviado aos médicos uma lista perguntando se eles aceitariam ser convidados a debater nas instâncias federais sobre a obrigatoriedade ou não da vacina, o que eles sim teriam aceitado, mas a psiquiatra teria tomado isso como uma adesão ao manifesto antivacina, que não foi proposto a eles.
Fonte: Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba