ALERTA

GATILHOS: após morte do filho de Walkiria Santos, psicóloga alerta sobre a influência das redes sociais na vida de crianças e adolescentes

Diante do último e trágico acontecimento, que foi a morte do filho da cantora de forró, Walkyria Santos, ocorrida no dia 03 de agosto, uma grande campanha vem sendo lançada e disseminada na internet, para a criação de uma lei com o objetivo de criminalizar a prática de comentários de ódio contra crianças e adolescentes na internet.

Diante do último e trágico acontecimento, que foi a morte do filho da cantora de forró, Walkyria Santos, ocorrida no dia 03 de agosto, uma grande campanha vem sendo lançada e disseminada na internet, para a criação de uma lei com o objetivo de criminalizar a prática de comentários de ódio contra crianças e adolescentes na internet.

O Polêmica Paraíba ouviu a psicóloga Clínica, Karla Azevêdo para explicar sobre o uso de tecnologias, gatilhos e a influência na vida de crianças e adolescentes.

Confira :

Polêmica Paraíba: O quanto o uso das tecnologias tem influenciado psicologicamente as crianças e adolescentes, positiva e negativamente?

Karla Azevêdo: A tecnologia facilitou muito nossa vida, permite conexão com amigos, familiares e trocas de ideias, logo trazem certos benefícios e oportunidades, incluindo a possibilidade trabalho, de estudo, cursos, trabalhos da escola, projetos, etc. Mas tem seus perigos também, durante buscas na Internet as crianças e adolescentes podem ter acesso a conteúdos inadequados à sua idade e maturidade. O não entendimento sobre privacidade on-line, os coloca no foco para cyberbullying, que são situações cada vez mais comuns e que podem causar danos psicossociais graves como depressão, ansiedade, isolamento social, automutilação e, em casos extremos, o suicídio.

Polêmica Paraíba: Até que ponto as interações nas redes sociais vão se tornar danosas para eles?

Karla Azevêdo: O uso exagerado de aparelhos e redes sociais tem produzido efeitos muito danosos à saúde mental da sociedade em geral, mas principalmente em crianças e adolescentes e pode ser um dos fatores do aumento de ansiedade e depressão nessa faixa etária. O adolescente age de forma mais impulsiva e arriscada, é intrínseco ao processo de desenvolvimento, aprendemos com os erros, o problema é que agora qualquer erro pode ser visualizado ou disseminado em fração de segundos e as consequências são maiores.

Polêmica Paraíba: Como os pais devem agir diante do excesso do uso das tecnologias?

Karla Azevêdo: O papel dos pais é essencial, devem estar atentos ao que os filhos estão acessando e com quem estão falando, para isso, devem buscar restringir a quantidade de horas no uso da tecnologia e redes sociais, mas precisa ser informado, combinado com eles. Também investir tempo incentivando atividades em família como jogos de tabuleiro, jogar bola, leitura de livros, etc.

Polêmica Paraíba: Tem como controlar e acompanhar o que está acontecendo?

Karla Azevêdo; Sim, há opções em sites de busca com o “controle família”, “acesso kids”, aplicativos, entre outros. Não esquecendo o que “exemplo vem de casa”, os pais também precisam ter consciência do uso excessivo da tecnologia e é necessário abrir mão para passar mais tempo com os filhos.

Polêmica Paraíba: Porque as pessoas não refletem sobre suas atitudes antes de fazer algum tipo de comentário maldoso, não só na internet, mas fora dela também?

Karla Azevêdo: Antes da tecnologia a comunicação parecia ter uma estrutura de limite mais declarada, existia uma preocupação com a linguagem, contexto, mais cautela, pois quando estamos conversando olho no olho, temos um compromisso com o outro naquele momento, já através das redes sociais esse limite, o bom senso, deixou fazer sentido, como bem disse Umberto Eco: “As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”, intolerância, indiferença e a falta de limites são problemas sociais, quando o comentário maldoso recebe curtidas de pessoas que compartilham do mesmo pensamento sem pensar nas consequências, que no ambiente virtual são irreversíveis.

Polêmica Paraíba: Comentários maldosos podem ser gatilhos para uma pessoa que já pensa em suicídio?

Karla Azevêdo: Sim. Independente de ser no ambiente virtual. O suicídio não tem uma causa única, é multicasual, e quando não conhecemos ou reconhecemos a fragilidade do outro podemos estar colaborando para o que chamamos de “gatilho” para o ato suicida.

Polêmica Paraíba: Como podemos identificar o comportamento de uma pessoa que pretende cometer suicídio?

Karla Azevêdo: As mudanças de comportamento podem ser sutis, mas acontecem. A pessoa pode se isolar, falar em morte mesmo que indiretamente, como: “queria dormir e não acordar nunca mais”, deixa de fazer coisas que antes tinha prazer, também resolver “coisas” de banco, instruir sobre senhas, negócios, falar sobre o que tem que ser feito caso algo aconteça. É preciso estar atento ao comportamento de automutilação, choro sem motivo, choro constante, mudança no gosto musical, mudanças no sono e alimentação.

Polêmica Paraíba: Como oferecer ajuda?

Karla Azevêdo: Você pode conversar abertamente sobre o comportamento e pensamento suicida, mas a escuta precisa ser sem julgamentos, buscando soluções. Gosto de falar que se você se dispôs a ajudar é preciso estar acessível, com disponibilidade para ficar vigilante e acompanhar na busca de um profissional. Não podemos esquecer do CVV – 188 , com atendimento 24h para escuta e suporte emocional.

Polêmica Paraíba: O que evitar falar para alguém com comportamento suicida?

Karla Azevêdo: Não julgar, nunca! Só o outro sabe o que está sentindo. É difícil escutar de alguém que amamos que não quer mais viver ou que não tem mais sentido na vida, por isso, por mais doloroso que seja nunca diga que é frescura, que é falta de Deus, que vai ajudar sem ter disponibilidade, que vai passar ou resolver. Não temos o controle de todas as coisas e muitas vezes é um problema/situação sem solução ou de difícil soluções. Por isso, encontre uma ajuda profissional, uma rede de apoio, leia sobre o tema e converse com a família e amigos.

Karla Azevêdo, Psicóloga Clínica CRP 13/8241 Atendimento Infantil, adolescente, adulto e Home Care, Convênios ANSERJUFE, AMPB e ASSIFPB

DEPRESSÃO: Um golpe na autoestima e um problema na vida profissional – Por Adriany Santos

Fonte: Adriany Santos
Créditos: Adriany Santos