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Fora da ordem – Insegurança e caos! - Por Francisco Airton

O episódio foi a gota d’água no estado de caos em que se encontra o Brasil nesses últimos meses.

“Tudo bem, fica tranquilo, é a segurança”. Foi o que pensou, antes da tragédia, a esposa do músico fuzilado por homens do exército no Rio de Janeiro no último domingo. Na verdade não dá para se imaginar que homens da força criada para proteger o cidadão, possa matar esse mesmo cidadão e, ainda, debochar da sua família como declarou a viúva desesperada! O episódio foi a gota d’água no estado de caos em que se encontra o Brasil nesses últimos meses. Mas é assim que estamos vivendo, custando a acreditar nas instituições, dada a falta de zelo ou ao descontrole dessas instituições em relação as suas lideranças!

É lamentável ter que comparar, mas ao que parece, após ouvido a exaustão, por parte governo que ai está, não haverá punição para o policial que matar em serviço. Pelo contrário: “ele será condecorado”, disse o presidente Bolsonaro – antes de ser eleito e também, após – abrindo um precedente terrível na chamada liberdade para matar! É verdade que sempre houve injustiças envolvendo a morte de civis por policiais, mas não com tanta assiduidade como vemos agora. Da mesma forma, a morte de policiais por criminosos que tem virado rotina pelo país. Mas, vamos e convenhamos, 80 tiros disparados por homens experientes do exército, contra uma pacata família indo a passeio em pleno domingo! Não há como se justificar tal barbárie!

Parem de gritar que “está tudo bem”! “É assim que deve ser” ou outras frases infames de elogios e incentivos a insanidades proferidas e postas em prática pelo governo e pela família dinamite em apenas 100 dias de administração. Será que as pessoas não acordam para o que está acontecendo? Que são elas mesmas, as maiores vítimas dessa nova ordem administrativa? Mesmo que poucos tenham a condição financeira para adquirir a arma dos seus sonhos e só “privilegiados” tenham esse direito, de uma vez que a posse e porte de arma se dará após uma grande burocracia e excelente poder aquisitivo portar uma arma – um sonho do presidente – tem despertado o desejo incontido de pessoas do bem, mas, também, tem aberto portas e facilitado o caminho daqueles que sempre tiveram o desejo mórbido de livrar-se de desafetos! Então é na contramão desses acontecimentos, que chega ao Congresso Nacional, o projeto Anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Como combater o crime tendo como garoto propaganda dessa violência o seu próprio presidente que se deixa fotografar e filmar sempre de arma em punho? Não tenho dúvidas de que será uma tarefa hercúlea para o Sr. Moro! Enquanto a população agoniza dividida em ter que cumprir o papel de alvo principal da violência e também o papel de protagonista ao ser imponderada com a liberação da arma salvadora! O projeto anticrime resolverá o dilema indo de encontro ao próprio governo que prega o armamento oficial da população, grita aos quatro ventos que “bandido bom é bandido morto” e que propõe condecorar o policial que irá matar (ou já mata) em serviço. Como se dará isso?

Qual será a postura do Ministério da Justiça ao colocar o seu pacote anticrime em votação para ser aprovado por alguns políticos que sequer respeita o parlamento? Nesta terça-feira uma confusão generalizada interrompeu a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados para leitura do relatório sobre a reforma da Previdência, suspendendo a sessão por cerca de 15 minutos.

O deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE) afirmou que o deputado Delegado Waldir estava armado. Bismarck repetiu a acusação gritando diversas vezes no microfone, e pediu que os seguranças fechassem a sala. Se for comprovado que o deputado foi a sessão armado, essa não seria a primeira vez. No Senado Federal já teve até assassinato em plenário, quando em 4 de dezembro de 1963, o senador Arnon de Mello (PDC-AL), pai do atual senador Fernando Collor (PTB-AL), atirou contra Silvestre Péricles (PTB-AL). Se temos exemplos a apresentar, então com que intenção se comparece a uma assembleia ou câmara armado? O plenário é sagrado!

Seria essa uma nova tendência nos parlamentos do mundo? Deputados neonazistas queriam ir armados ao Parlamento da Grécia em 2012. A dupla do partido Amanhecer Dourado foi flagrada por detector de metais. Eles tiveram de entregar as armas para os seguranças. Estamos vivendo, sem dúvidas, momentos difíceis e constatamos que o Brasil acabou tornando-se um imenso barril de pólvora prestes a explodir! Ânimos a todo instante exaltados e uma incerteza tomou conta de todos.

Confiar em quem? A todo instante nos deparamos com profissionais que, antes pareciam de conduta ilibada, e que de repente destila todo o seu ódio contra uma criança, simplesmente por que ela é filha de um político que não é do seu agrado! Como confiar a vida de um ente querido a um profissional desses sem ter a certeza de que ele cumprirá com um juramento feito em um dia qualquer?

Isso só para ilustrar o estado de coisas em que nos deparamos! A prova de que isso tudo é insano, é que estudo comprova eficácia do Estatuto do Desarmamento e de que o controle de armas evitou quase 134 mil mortes no Brasil entre 2004 e 2014! Enquanto pesquisadores defendem a restrição ao acesso às armas de fogo como medida essencial no controle à violência, por decreto presidencial já assinado, como sabemos, a segurança ou a falta dela, vem adquirindo uma nova cara! Diante de toda essa explanação a gente chega à conclusão de que a partir de agora estaria sim, tudo permitido? Atira-se primeiro e pede-se desculpas depois. Pronto. Tá resolvido!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton