O parecer feito pelo jurista Miguel Reale Júnior sobre a possibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff admite que não há indícios suficientes para se entrar com a ação. O documento, que vinha sendo aguardado com ansiedade pela oposição, foi encaminhado no início da noite de quarta-feira, 20, para o gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB.
“Não é agenda para agora”, afirmou Neves, ao se referir ao impeachment. O senador destacou que vai divulgar o teor do documento aos demais partidos numa reunião que está sendo programada para os próximos dias.
Pouco antes do envio do parecer de Reale Júnior, líderes do PSDB já tinham adiantado, tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, que a legenda tinha recuado do pedido de impeachment a partir desse parecer e estaria mais disposta a estudar o ajuizamento de alguma outra ação contra a presidenta.
Conforme informações do próprio senador, o texto de Reale Júnior afirma que os indícios de possíveis responsabilizações da presidenta são “cada vez maiores”, mas apresenta outras medidas judiciais que podem vir a ser adotadas contra Dilma, excluindo o impeachment.
De acordo com Aécio Neves, “a oposição agirá unida e não poupará esforços para desgastar o governo petista com críticas a ações que podem culminar com um eventual pedido de impedimento da presidente da República”.
Reação
O Movimento Brasil Livre (MBL) e os Revoltados Online, que chamaram os protestos de março e abril, criticaram duramente o partido pelo posicionamento, acusando-os de “traição”. “Aécio Neves está sendo um covarde, cúmplice desse governo federal corrupto e a mando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, afirmou Marcello Reis, do Revoltados. Já o MBL acusou o partido de ser “uma falsa oposição que continua nos decepcionando todos os dias”.
com Carta capital.