Tiro acidental

Ferido por tiro, PM fica sem “bico” e faz rifa para pagar contas

Um soldado da Polícia Militar organiza uma rifa para conseguir honrar suas contas, pois está impossibilitado de realizar os “bicos oficiais”

Foto: reprodução
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Um soldado da Polícia Militar, de 37 anos, organiza uma rifa para conseguir honrar o pagamento de suas contas, porque está impossibilitado de realizar os “bicos oficiais” da corporação desde 29 de fevereiro. Foi nessa data que, por volta das 11h50, a arma dele disparou acidentalmente contra sua coxa direita, quando o policial estava de folga, em Rio Grande da Serra, no ABC Paulista.

O único disparo, da pistola calibre ponto 40, perfurou a perna do soldado, saindo pelo joelho. Por causa disso, segundo o próprio policial afirma, em um áudio, sua recuperação pode durar entre três e quatro meses. O ferimento também impossibilita que o PM realize os chamados “bicos oficiais”.

“Estou sem fazer Dejem [Diária por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar] e [Operação] Delegada e, infelizmente, não dependo só [do salário] da PM para manter o sustento aqui em casa […] não tenho vergonha, é uma forma de sustentar e me levantar aqui, pelo menos por uns meses”, afirma no áudio.

A média salarial de um soldado 1ª Classe, cargo do PM acidentado, é de R$ 4,3 mil, segundo a Coordenadoria de Recursos Humanos, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O acidente

Imagens de uma câmera de monitoramento, mostram o soldado chegando em um carro, no bairro Vila Marquesa, acompanhado da sogra e da esposa, que carrega no colo a bebê do casal.

Ele desembarga e entra na garagem, longe do registro da câmera. Nesse momento a arma do PM dispara, deixando sua esposa, que está na rua, visivelmente desesperada. Ela corre com o filha do casal no colo, até que é ajudada por uma vizinha.

Em depoimento à Polícia Civil, o soldado relatou “não saber como se deu o disparo”. Ele somente “sentiu dor”.

Na ocasião, o PM usava um short e ele acredita que a pistola disparou quando foi ajeitá-la na cintura.

Instantes depois, um outro policial providenciou um torniquete, “devido a gravidade do ferimento”. Quando ele levava o amigo de farda para o hospital, encontrou uma unidade de resgate, que assumiu o socorro do soldado.

A arma do soldado, pertencente à corporação, foi apreendida para ser periciada.

Até a publicação desta reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) aguardava um retorno do 1º DP de Rio Grande da Serra, sobre o eventual resultado da avaliação feita no armamento, informou a assessoria de imprensa da pasta, por telefone.

A PM também foi questionada sobre o caso, mas não havia se posicionado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Bico oficial

Segundo o governo estadual, a Dejem corresponde a oito horas contínuas de trabalho nos dias de folga do PM. Ele pode fazer esse “bico oficial” até dez vezes por mês.

Com isso, um oficial pode incrementar seu salário em até R$ 2.260 e um praça, como o soldado acidentado, em R$ 1.884.

A Operação Delegada é uma parceria entre o governo do estado e a Prefeitura de São Paulo.

Metrópoles