O sinal de alerta reacendeu nesta segunda-feira com a confirmação de mais duas mortes por febre amarela em Valença, no Sul Fluminense, subindo para três o número de óbitos em decorrência da doença no estado este ano. O primeiro caso foi em Teresópolis, na Região Serrana. Enquanto isso, a cobertura vacinal está muito aquém do necessário. A estimativa da Secretaria estadual de Saúde é que mais de oito milhões de pessoas (cerca de 60%) de um público alvo de 14 milhões — incluindo grupos inseridos em 2018 pelo Ministério da Saúde, como os idosos com aval médico — ainda não foram vacinadas. Na capital, a Secretaria municipal de Saúde informa que apenas 1,69 milhão procurou os postos no ano passado para tomar a vacina, sendo necessário imunizar outros dois milhões. Porém, diante dos novos casos da doença e da notícia de que quatro macacos-prego foram achados mortos nos últimos dois dias numa via de acesso à Floresta da Tijuca, houve correria aos centros de saúde e às clínicas da família da prefeitura.
— Vacinar não é só importante, é um dever social e uma urgência. É fundamental dar prioridade à vacinação para que não se tenha a ampliação e o risco de urbanização da doença. Estamos em campanha permanente. Todos os municípios têm vacina. A população não precisa esperar o fracionamento (a campanha do Ministério da Saúde, a partir de 19 de fevereiro) — diz o secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Júnior, acrescentando que só pedirá a antecipação da campanha ao Ministério da Saúde se houver necessidade.
A superintendente de Vigilância em Saúde do município, Cristina Lemos, garantiu que não faltam vacinas. Mas, a partir desta terça-feira, como cresceu a procura, serão distribuídas senhas nos postos.
— De julho a dezembro do ano passado, quando diminuíram os casos de febre amarela, as pessoas relaxaram. Em dezembro, vacinamos só 16.592 pessoas. Todas as nossas unidades estão abastecidas. Mas, agora, não adianta correria. As pessoas precisam ter paciência — ressalta Cristina.
SETE CASOS SOB INVESTIGAÇÃO
Em todo o estado, além dos três mortos, há um paciente de Valença internado em Resende com diagnóstico confirmado de febre amarela. Há outros sete casos sob investigação — um morto e seis internados — cinco deles moradores de Valença.
Os corpos dos macacos achados por moradores da comunidade do Catrambi no acesso à Floresta da Tijuca serão analisados pela Fundação Oswaldo Cruz. Há suspeita de que os animais possam ter sido contaminados pela febre amarela. Segundo a coordenadora do Laboratório Municipal de Saúde Pública, Roberta Ribeiro, o exame deve demorar pelo menos dez dias para ficar pronto, porque os animais foram recolhidos em decomposição.
— Pedimos para as pessoas telefonarem para a central 1746. Os moradores ligaram antes para Corpo de Bombeiros e outros órgãos que não fazem esse trabalho — conta Roberta.
Ainda segundo ela, no ano passado foram recolhidos 179 primatas mortos no município. Nenhum deles tinha o vírus da febre amarela.
Fonte: O Globo
Créditos: FÁBIO TEIXEIRA / SELMA SCHMIDT