Darlan Alvarenga e Lilian QuainoDo G1, em São Paulo e no Rio
O Brasil registrou em agosto o 5º mês seguido de perda de vagas de empregos formais. No mês, as demissões superaram as contratações em 86.543, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgadas nesta sexta-feira (25).
O resultado de agosto foi o pior para este mês desde 1995, quando foram fechadas 116 mil vagas.
No acumulado dos 8 primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 572.792 postos com carteira assinada no país.
Apesar do país ter continuado a perder vagas com carteira assinada, o número de vagas fechadas em agosto ficou abaixo das 157 mil vagas perdidas no mês anterior.
Na véspera, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, tinha afirmado que os dados oficiais sobre o mercado de trabalho iriam mostrar desaceleração das demissões no mês. “O resultado ainda é negativo… A nossa expectativa e a nossa esperança é que a recuperação ocorra em 2016″, disse.
985 mil vagas fechadas em 12 meses
O fechamento de vagas formais acontece em meio a um fraco nível de atividade econômica, com o Brasil oficialmente em recessão técnica, a alta da inflação e do endividamento das famílias, e de um ajuste nas contas públicas – implementado pela equipe econômica, principalmente, com aumento de impostos e corte de investimentos.
No acumulado nos últimos 12 meses, segundo os números do Caged, foram eliminados 985.669 postos de trabalho no país, o que corresponde a uma redução de 2,37% no contingente de empregados celetistas.
Com a redução de vagas formais em julho deste ano, o número de trabalhadores com carteira assinada, em todo o país, também tem recuado. No fim de agosto de 2014, um ano atrás, 41,62 milhões de pessoas tinham emprego com carteira no Brasil. No mês passado, o número de trabalhadores empregados já tinha recuado para 40,63 milhões.
Ministro admite perda de mais de 1 milhão de empregos em 2015
Ao comentar o resultado, o ministro Manoel Dias disse torcer pela melhora nos números de criação de empregos no país.
Questionado, porém, se o país poderia chegar a perder mais de 1 milhão de postos de empregos, Dias admitiu a possibilidade: “Podemos, podemos perder, é um fato concreto”.
“Mas estamos capacitados a recuperar. Com a inclusão social que foi feita, o governo terá condição de recuperar os empregos, de fazer a correção de rumos da economia. Vamos recuperar a capacidade de gerar emprego”, acrescentou.
Dias destacou que o governo vai investir R$ 68 bilhões na área de construção civil, o que poderá reduzir o fechamento de postos de trabalho no país. Segundo disse, até setembro foram assinados contratos de R$ 36 bilhões, o que poderá significar 3,6 milhões de novos postos de trabalho ainda em 2015.
“O setor de serviços informou que recupera geração de empregos até o fim de 2015. O setor automobilístico está fazendo promoções de vendas, em outubro pode regularizar a produção”, disse.
Sobre a reforma ministerial em discussão no Planalto, o ministro disse que seu partido, o PDT, ainda não recebeu qualquer sinalização da presidente sobre a permanência no ministério, o que ele acredita que aconteça na volta de Dilma da viagem a Nova York.
Ministro Manoel Dias comentou números de agosto do Caged em entrevista no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação/Ministério do Trabalho)
Taxa de desemprego está em 7,6%
O desempego no país subiu para 7,6% em agosto e atingiu a maior taxa já registrada para o mês desde 2009, segundo dados do IBGE divulgados na quinta-feira (24). Um ano atrás, em agosto de 2014, a taxa estava em 5%.
De acordo com o IBGE, a população desocupada – que está procurando trabalho – somou 1,9 milhão e ficou estável em relação a julho. Mas, na comparação com o mesmo mês do ano passado, esse número cresceu 52,1%.
Já o rendimento médio real dos trabalhadores, estimado em R$ 2.185,50, caiu 3,5% em relação ao ano passado e aumentou 0,5% na comparação com julho.
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Brasil fecha 157 mil vagas em julho, pior resultado para o mês desde 1992
Perda de vagas por setores
De acordo com os números do governo, a indústria da transformação foi responsável pelo maior corte de vagas no mês passado: foram 47.944 postos perdidos no período. Na sequência, aparece a construção civil (-25.069 vagas) e o comércio (-12.954 vagas).
Na indústria, os maiores cortes ocorreram no setor têxtil (-10.164 postos), metalúrgico (-8.473) e mecânico (-8.038).
O destaque positivo ficou com o setor de serviços, com a criação de 4.965 vagas formais em agosto e com a administração pública (+730 vagas).
Regiões e estados
Por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em julho. No mês passado, o Sudeste registrou o pior resultado, com 54.190 vagas a menos. No Sul, foram cortados 27.856 postos. Já no Norte e no Centro-Oeste, foram perdidas 2.367 e 3.023 vagas, respectivamente. Já o Nordeste registrou a criação de 893 postos, segundo o Ministério do Trabalho.
Dentre as unidades da federação, 18 reduziram o nível de emprego, com destaques para Minas Gerais (-23.849 postos), São Paulo (-16.992 postos) e Rio Grande do Sul (-12.737 postos). Os estados que apresentaram aumento no emprego, no mês passado, foram: Paraíba (+4.293 postos), Alagoas (+2.505postos) e Acre (+1.179 postos).