Coronavírus

Eu me importo com você! Legado e aprendizado sobre Covid-19 para a comunidade atual e futuras gerações - Por Bruno Scarpellini

 

Desde jovem, sempre tive a preocupação de qual legado eu deixaria e/ou gostaria de deixar no mundo. Essa influência veio de casa já que meu pai era um imigrante na América Latina, arquiteto, que teve a oportunidade de deixar uma marca e legado na cidade do Rio de Janeiro junto com um grupo de profissionais liderados pela Lota de Macedo Soares: o parque do Flamengo (ou aterro do Flamengo).

Como já plantei algumas árvores, tive uma filha, resolvi começar a escrever para deixar meu legado no mundo.

Aproveitando o gancho, nos últimos dias pensei qual seria o aprendizado em nível individual, profissional e comunitário que poderíamos ter com a pandemia de Covid-19.

Resolvi esboçar algumas idéias considerando alguns países como Hong Kong, Taiwan, Cingapura:

Conforme meu último artigo, uma rápida e incisiva resposta dos líderes, incluindo Ministério da Saúde e órgãos de vigilância epidemiológica se mostrou efetiva em mitigar e achatar a curva da epidemia. Hit hard and hit early!

Uma liderança pró-ativa, participativa com um discurso assertivo, transparente e empático se mostrou efetivo no nível populacional para informação e controle da epidemia, bem como para adesão às medidas de isolamento social.

Combate maciço ao fakenews e desinformação.

A integração de dados médicos e não médicos (imigração, passagens áreas, etc) foi essencial para rastrear precocemente os casos importados, facilitar o trabalho das equipes de vigilância epidemiológica no desembarque (separando os suspeitos dos não suspeitos, ou abordagem precoce dentro do avião pela equipe de vigilância epidemiológica dos casos suspeitos!). Medicina 4P na veia com uso de Big Data e Inteligencia Artificial sendo utilizado em Saúde Pública e Populacional e Controle de Fronteiras e Imigração.

Testagem maciça populacional (150.000 testes como ocorrido na Coréia do Sul) ajuda a identificação de casos e contactantes, isolamento domiciliar dos casos leves e principalmente, redução das taxas de mortalidade (por aumento do denominador da fração da fórmula).

Uso de algoritmos computacionais baseados em protocolos clínicos para ajudar pacientes e profissionais de saúde a realizarem a adequada triagem dos sinais e sintomas de Síndrome Gripal e indicarem quais pacientes deveriam procurar as unidades de saúde ou não (unidades básicas de saúde e pronto-socorro).

Uso de tecnologia para rastrear a evolução dos casos leves com teste positivo com e potencial evolução para síndrome respiratória aguda grave. Uso preciso da tecnologia (SMS) e Telemedicina.

Uso de vigilância epidemiológica ativa com busca ativa de casos e contactantes.

Criação de hotline telefônico para retirada de dúvidas da população sobre: o vírus, a doença, os sinais e sintomas de gravidade, o teste, sobre quem deveria ir ao hospital ou não, sobre isolamento domiciliar.

Vigilância epidemiológica populacional realizada pela própria população. O hotline também era utilizado para relatar possíveis casos suspeitos na comunidade.

Rápida mobilização das empresas para cuidar do maior tesouro que possui: os funcionários e sua saúde.

Revisão de direitos dos trabalhadores (saúde do trabalhador) como o paid-sick leave dos Estados Unidos.

Uso em larga escala de bioética e direitos humanos na tomada de decisão de medidas de mitigação da transmissão comunitária em escolas, creches, empresas, praças públicas, teatros, museus, prais, parques, transportes públicos, etc.

Reconhecimento da população da importância dos profissionais de saúde: em algumas cidades da Itália, ao meio-dia, toda a população bate palmas para homenagear os profissionais de saúde que estão nas linhas de frente de combate.

E no Brasil? Qual a lição e legado que podemos ter?

No Brasil, temos solo fértil, muitos minerais, água abundante, petróleo na costa, fauna e flora, Amazônia e Pantanal, Copa do Mundo e Olimpíadas, costa oceânica vasta, etc. Contudo poucas vezes passamos por uma grande peste, uma grande guerra local, ou um grande fenômeno natural (Tsunami).

Desta forma, acredito que a atual pandemia tem a oportunidade de deixar vários legados:

Planejamento e prevenção são importantes. Estoque máscaras (para caso fique doente), comida, água, e medicamentos.
Aprenda e pratique as medidas de etiqueta respiratória e isolamento respiratório domiciliar. Treinamento é tudo na vida!
Mantenha o seu calendário vacinal atualizado, bem como de seus familiares, funcionários e etc.
Use e abuse das medidas de etiqueta respiratória e isolamento social já que estas são capazes de reduzir o número de casos novos e por consequência óbitos.
Um estudo realizado por pesquisadores da Gates Foundations utilizou modelos computacionais para dois Municípios de Seattle. A adesão de 75% as medidas de isolamento social reduziu o número potencial de casos novos e óbitos de 25.000 casos/400 potenciais óbitos (mantendo as atividades habituais) para 1700 casos/30 potenciais óbitos.

Por último mas não menos importante: o senso de comunidade. Quanto maior a adesão as medidas de isolamento social, mais rápido achatamos a curva.
Lembre-se: a minha saúde também é a sua saúde e vice versa. Isso sim é saúde pública e gestão de saúde populacional.

E para terminar algumas reflexões de Gandhi:
“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”.
“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”.
“Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível”.
“A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.
“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver no mundo”

Vamos embarcar nessas medidas juntos?

Eu me importo com você!

Fonte: academiamedica
Créditos: Bruno Scarpellini