Maior partido da oposição, o PSDB também terá, no próximo ano, o maior volume de recursos para realizar investimentos nos Estados, de acordo com as previsões orçamentárias para 2015.
Juntos, os cinco governadores eleitos pelo partido terão R$ 24,5 bilhões para aplicar, por exemplo, em obras de infraestrutura, compra de equipamentos e construção de hospitais ou escolas.
Em segundo no ranking está o PMDB, com sete governadores e R$ 18,8 bilhões. Depois, aparece o PT, com cinco eleitos e R$ 18,2 bilhões.
Entre investimentos previstos em gestões tucanas, dois terços, ou R$ 16,3 bilhões, estarão com Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.
Apesar de ter a maior arrecadação de todos os Estados, estimada em R$ 204,6 bilhões, Alckmin destinou menos de 8% do Orçamento para investimentos no próximo ano. O valor fica abaixo da média nacional, de 13%.
Para o especialista em políticas públicas Ricardo Gaspar, da PUC-SP, o investimento está abaixo do considerado ideal, que seria em torno de 15% do Orçamento.
“Tendo em vista os desafios relacionados à crise da água e o que isso implica em termos de investimento, como a abertura de novos reservatórios e linhas de adução, é um patamar baixo”, afirma.
O governo de São Paulo afirma que o Estado triplicou sua capacidade de investimento desde 2003 e que, se considerados valores de inversões financeiras (aquisição de patrimônio), projetos em custeio e aplicações de empresas não dependentes do Tesouro, os investimentos chegariam a 13%.
Essas despesas, porém, não são consideradas como investimentos. Goiás, governado pelo reeleito Marconi Perillo (PSDB), definiu estradas como prioridade, e quase metade dos investimentos irão para a pasta de Infraestrutura.
O setor de transportes também foi priorizado no Rio de Janeiro, que terá o maior investimento entre as administrações do PMDB. Estão previstos R$ 2,9 bilhões para ampliação do metrô e R$ 924 milhões para a urbanização de comunidades.
Minas Gerais, que será pela primeira vez governado pelo PT, tem sustentado seus investimentos com financiamentos no ano que vem, os empréstimos bancarão 38% deles, segundo o governo.
Um empréstimo em negociação com o BID, por exemplo, deve garantir R$ 160 milhões para segurança pública em 2015.
O governador eleito Fernando Pimentel (PT) criticou a estratégia, por aumentar o endividamento do Estado. “É como se Minas tivesse caído na armadilha do cheque especial. Vive no rotativo”, declarou durante a campanha.
Outro Estado onde o PT governará pela primeira vez, o Ceará é quinto lugar em volume de investimentos. O eleito Camilo Santana deverá aplicar os R$ 4,9 bilhões sobretudo em saúde, educação e segurança suas bandeiras de campanha.
Gestores se queixam de juros
Mas as dívidas em outros Estados têm comprometido os investimentos. Governadores se queixam de que o pagamento dos juros consome boa parte do orçamento, e as obras só podem ser bancadas com novos empréstimos.
O PMDB será o partido com a maior dívida proporcional: ela representa 78% da receita nos sete Estados que serão administrados pela sigla.
No RS, o Estado mais endividado do país, o governador eleito José Ivo Sartori (PMDB) terá apenas 4% do Orçamento para investir em 2015. A nova gestão irá pleitear a redução dos juros e o aumento do prazo para retomar a capacidade de investimento.
O especialista em contas públicas Amir Khair avalia que os futuros governadores terão que buscar saídas criativas para poder investir, como as parcerias público-privadas e melhorar a gestão.
“É perfeitamente possível ter melhor gestão das despesas dos Estados, ou seja, com os mesmos recursos, conseguir fazer muito mais.”
Correio da Paraíba