Aviação

Embraer e Boeing planejam fusão, mas enfrentam resistência de alguns setores do governo

As fabricantes de aviões Embraer e Boeing anunciaram nesta quinta-feira, 21, que estudam uma “potencial combinação”, mas sem deixar claro que tipo de negócio seria esse.

An employee works on the jet assembly line at the Embraer headquarters in Sao Jose dos Campos, 100 km (62 miles) from Sao Paulo May 14, 2013. Brazil's barriers to international trade are limiting its growth potential and could hamper a huge infrastructure push at the center of President Dilma Rousseff's industrial agenda, the head of the U.S. Commerce Department said in a Tuesday interview. Acting Commerce Secretary Rebecca  Blank suggested the advantages given to Brazilian industries through import taxes and restrictions on government-led investments may even slow the development of globally competitive companies. REUTERS/Nacho Doce (BRAZIL - Tags: TRANSPORT BUSINESS)
An employee works on the jet assembly line at the Embraer headquarters in Sao Jose dos Campos, 100 km (62 miles) from Sao Paulo May 14, 2013. Brazil's barriers to international trade are limiting its growth potential and could hamper a huge infrastructure push at the center of President Dilma Rousseff's industrial agenda, the head of the U.S. Commerce Department said in a Tuesday interview. Acting Commerce Secretary Rebecca Blank suggested the advantages given to Brazilian industries through import taxes and restrictions on government-led investments may even slow the development of globally competitive companies. REUTERS/Nacho Doce (BRAZIL - Tags: TRANSPORT BUSINESS)

As fabricantes de aviões Embraer e Boeing anunciaram nesta quinta-feira, 21, que estudam uma “potencial combinação”, mas sem deixar claro que tipo de negócio seria esse. De acordo com a nota conjunta divulgada pelas empresas, as bases de um potencial acordo ainda estão em discussão, e “qualquer transação estaria sujeita à aprovação do governo brasileiro”. A notícia fez as ações da Embraer dispararem na Bolsa de Valores de São Paulo: fecharam em alta de 22,5%.

Reportagem do jornal americano The Wall Street Journal aponta que a empresa americana teria interesse em adquirir o controle da companhia brasileira. Mas essa posição deve enfrentar resistência dentro do governo, principalmente nas áreas militares. O comando da Aeronáutica, por exemplo, afirmou considerar a Embraer “uma empresa estratégica e fundamental para a soberania nacional”.

De acordo com um ministro ouvido pelo Estado, o presidente Michel Temer disse que a Embraer é “inegociável”. A preferência dentro do governo, nesse caso, seria pela negociação de acordos de parceria entre as duas empresas.

Na área econômica, porém, a venda do controle da Embraer não enfrentaria tanta resistência. Uma fonte ouvida pelo Estadão/Broadcast avaliou que seria uma operação complicada, porque a Embraer tem muita participação no Brasil em desenvolvimento de tecnologia e na produção de equipamentos militares. Mas disse, porém, que perder o controle da companhia não seria um problema para o governo.

Um acordo entre as duas companhias teria de passar pelo aval do governo brasileiro por conta de uma ação especial (chamada de golden share) que a União detém desde que a Embraer foi privatizada, em 1994. Essa ação especial dá direito de veto em decisões importantes, como a criação ou alteração de programas militares e a transferência do controle acionário.

Apesar do direito de veto, o governo não é um acionista tão relevante da Embraer: tem uma participação de apenas 5,4%, por meio do BNDESPar, o braço de participações do BNDES. A Embraer, na verdade, é uma empresa sem controlador definido. Seu maior acionista é a consultoria de investimentos americana Brandes, com 15% das ações. A maior parte dos papéis, 64,5%, está diluída no mercado.

Para o especialista em aviação André Castellini, da consultoria Bain & Company, um negócio entre Boeing e Embraer poderia ter diferentes desenhos, mas o que teria mais chances nesse momento seria uma parceria específica para a área de aviação regional. Para ele, nesse caso, sem o argumento de que é preciso proteger a aviação militar, a chance de aprovação do negócio poderia ser facilitada.

Fonte: Estadão
Créditos: Estadão Conteúdo