O senador Humberto Costa (PE) , líder do PT no Senado, divulgou nota nas redes sociais neste domingo (23) em que nega ter recebido doação de campanha vinda de suposto esquema de corrupção na Petrobras. Reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” também deste domingo afirma que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, disse em depoimento que a campanha do senador em 2010 foi favorecida com o dinheiro irregular.
O ex-diretor foi preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema bilionário de lavagem de dinheiro em todo o país. Ele firmou acordo de delação premiada para contar o que sabe às autoridades em troca de redução da pena. Segundo o ‘Estado’, em um de seus depoimentos, Paulo Roberto Costa disse que um empresário ligado a Humberto Costa pediu dinheiro para a campanha do senador.
Ainda segundo o jornal, Paulo Roberto disse que a quantia de R$ 1 milhão saiu da cota que pertenceria ao Partido Progressista (PP) dentro do esquema. Em depoimento anterior, o ex-diretor já havia afirmado que os partidos PP, PT e PMDB recebiam cotas em contratos firmados por diretorias da estatal.
Na nota, o senador Humberto Costa diz que todas doações que recebeu para a campanha são legais e que a denúncia “padece de consistência”. Ele ainda disse que coloca à disposição das autoridades a quebra de seus sigilos bancário, telefôncio e fiscal. (Veja íntegra da nota ao final desta reportagem)
“Todas as doações de campanha que recebi na minha candidatura ao Senado em 2010 foram feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas, estando disponíveis a quem queira acessá-las. Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto. Tal denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha”, afirmou o senador.
O ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, que também foi preso e também depõe em delação premiada, já haviam afirmado às autoridades que políticos do Congresso haviam se beneficiado do dinheiro dos contratos irregulares. O processo da Lava Jato corre na Justiça Federal do Paraná, mas autoridades com foro privilegiado, como deputados e senadores, só podem responder à Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Na reportagem, o “Estado de S.Paulo” diz que Paulo Roberto afirmou ter conhecido Humberto Costa no período em que o atual senador era Ministro da Saúde, entre 2003 e 2005, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-diretor teria dito ainda, de acordo com o jornal, que o dinheiro foi repassado para a campanha de Costa porque PP tinha decidido apoiar a candidatura e também porque, caso contrário, ele seria demitido da estatal.
O ex-diretor afirmou ainda, segundo a reportagem, que o empresário ligado à campanha de Humberto Costa, Mário Barbosa Beltrão, confirmou que o pagamento foi realizado.
Na nota, o senador diz que conheceu Paulo Roberto Costa em 2004, mas teve com ele apenas relação “institucional”. Reconhece também que é amigo de infância de Mário Beltrão. No entanto, reitera que em nenhum momento pediu a ele que solicitasse recursos ao ex-diretor da Petrobras.
“Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambucana o fizeram. Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010”, escreveu o senador.
Veja abaixo a íntegra da nota de Humberto Costa:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação à publicação do jornal O Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas acusações do sr. Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada, afirmo que:
1. Todas as doações de campanha que recebi na minha candidatura ao Senado em 2010 foram feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas, estando disponíveis a quem queira acessá-las;
2. Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto;
3. Tal denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;
4. Mais inverossímil ainda é a versão de que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um diretor da Petrobras;
5. Causa espécie o fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a doação, de que maneira e quem teria recebido;
6. Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;
7. Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010;
8. Tenho uma vida pública pautada pela honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou administrativa por atos realizados ao longo de minha vida pública;
9. Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos;
10. Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis;
11. Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Recife, 22 de novembro de 2014,
Humberto Costa
Senador da República”
G1