
Um pouco de história.
No dia 16 de junho de 1954, por 136 a 35 votos, a Câmara derrotou o pedido de impeachment de Getulio Vargas.
A proposta havia sido feita por um jovem militante da União Democrática Nacional, Wilson Leite Passos, que não era deputado.
Passos acusava o presidente de “corrupção, conivência com atos criminosos e imoralidade”, na síntese do “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro” (CPDOC/FGV).
Ou de “crimes de responsabilidade e traição à pátria”, como escrevi na biografia “Marighella”.
De extrema-direita, o futuro parlamentar tinha uma pistola alemã Walther. Muitos anos mais tarde, Passos me diria, orgulhoso: “Como pertenceu a um oficial alemão da Segunda Guerra, deve ter matado muito russo, muito comunista”.
Curiosidade: um dos 35 oposicionistas que votaram pelo impeachment foi o deputado comunista Roberto Morena. Como seu partido tinha sido proscrito, Morena era filiado a outra legenda. Na época, o clandestino PCB mantinha uma política ultrarradical contra o ex-ditador Getulio Vargas, qualificado como traidor do povo.
O triunfo do presidente não durou muito.
A oposição manteve o cerco, mais intenso depois do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, em 5 de agosto de 1954, quando o major-aviador Rubens Vaz foi assassinado.
Na madrugada de 24 de agosto, Getulio sofreu um golpe de Estado na forma de “licença”.
De manhãzinha, matou-se.
Fonte: UOL