Com a falta da combustível nos postos devido à greve dos caminhoneiros, o Gás Natural Veicular (GNV) voltou a despertar o interesse como alternativa à gasolina e ao etanol.
A opção oferece algumas vantagens, como menor preço nas bombas, melhor consumo do veículo e, principalmente, uma economia média no bolso dos motoristas de 60% na relação quilometragem por litro quando comparado à gasolina.
Sem contar que não risco de desabastecimento, como vem acontecendo nesses dias. O gás natural chega aos postos via gasodutos existentes no subsolo, procedente do Nordeste brasileiro e da Bolívia.
Lembrando que antes da greve o derivado de petróleo tinha preço médio de R$ 4,29 e o de vegetal, R$ 2,89, em Curitiba, enquanto o GNV saía por R$ 2,59 o m³. Durante a paralisação dos caminhoneiros, os combustíveis tiveram um aumento de preço nos postos, fazendo com que essa economia do gás passasse dos 75%, fator que torna o GNV tão atrativo e procurado em épocas de crise.
Segundo Kellen Skolimovski, sócia-proprietária da Master Conversões, empresa convertedora de Curitiba, a procura pelos kits de instalação aumentou significativamente nos últimos dias. “Essa última semana bateu recorde. Fizemos sete carros por dia, muito mais que o normal”, relata.
Veículos abastecidos com o gás rodam 30% a mais em relação à gasolina no tanque. Por exemplo se um carro faz 7 km com etanol e 10 km com gasolina, ele irá percorrer 13 km com GNV. Com R$ 100, é possível rodar cerca de 500 km com gás, 240 km com etanol e 230 km com gasolina.
Instalar um kit de GNV no carro custa cerca de R$ 3,9 mil para o modelo padrão de cilindro, o de 15 m³ e 80 kg. Se a pessoa roda mais, ela tem mais vantagens em instalar o GNV e logo recupera o investimento – por isso é tão procurado pelos taxistas. Se roda pouco, a demora será maior para ‘pagar’ a mudança.
O gás natural também garante desconto no Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) – o tributo é de 1% sobre o valor venal do veículo, enquanto o porcentual do movido com combustível líquido é 3,5%.
Aumenta a vida útil do motor
Segundo Kellen, o tempo de vida útil do kit depende dos cuidados do motorista. São necessárias manutenções periódicas e anualmente é obrigatório realizar uma inspeção de segurança veicular no Detran que custa atualmente R$ 310. Dessa forma, a ocorrência de problemas será mínima.
Ela explica ainda que ao contrário do que muitos pensam , o GNV não prejudica o motor. Na verdade, ele ajuda a conservá-lo, já que não é corrosivo como combustíveis líquidos e a sua queima não deixa resíduos. O gás também polui de 15% a 20% menos que os combustíveis líquidos.
Mesmo com a instalação do kit GNV, o carro ainda poderá ser abastecido com gasolina e etanol. Basta ajeitar as configurações e o carro rodará com o combustível escolhido. O conjunto também pode ser retirado sem causar danos ao carro.
Ajuda a família e amigos
O motorista do Uber Anderson Galina, de Curitiba, usa GNV no seu carro desde 2012 e sente no bolso a diferença. “Eu economizo uma média de R$ 1 mil por mês”, observa. Galina trabalha com o aplicativo há 1 ano e diz que seu Chevrolet Cobalt 1.8 tem uma autonomia de 170 km com um cilindro de 15 m³.
Diante da crise de abastecimento nos postos, Anderson chegou a emprestar o sedã compacto para familiares irem ao trabalho e também dividiu seu carro com outros três profissionais do Uber. Os quatro estão rodando 24 horas por dia nesses dias de greve dos caminhoneiros.
Com todas as vantagens já citadas, o preço do kit e o espaço que cilindro ocupa no porta-malas passa a ser fator secundário quando comparado com a redução dos gastos com combustível/manutenção.
Algumas dicas para os interessados em fazer a conversão do carro para GNV:
Faça a instalação numa oficina homologado pelo Inmetro. A relação de estabelecimentos está disponível no site do órgão.
O serviço leva um dia e custa, em média, R$ 3,9 mil. O preço refere-se ao kit Geração 5, usado atualmente (há o Geração 6 para motores turbo).
Há uma perda de potência na ordem de 3% nos carros com GNV com o kit G5, no mercado desde 2010. Anterior a isso, a perda chegava a 10%.
A perda de espaço no porta-malas continua a ser um problema, mesmo com a diversidade de tamanhos dos equipamentos oferecidos hoje em dia. Essa questão foi solucionada em alguns veículos, como Renault Duster e Chevrolet Spin, que podem receber o kit na parte externa do veículo.
Há o risco da perda a garantia nos veículos, mesmo que a conversão seja feita em oficinas credenciadas pelo Inmetro. Há concessionárias, no entanto, que oferecem a instalação como item opcional.
Vale lembrar que o gás natural não está disponível em todos os postos, especialmente nas rodovias.
*Com supervisão do editor Renyere Trovão
Fonte: Gazeta do Povo
Créditos: Gazeta do Povo